Já são desoras e o poeta não viu passar o tempo Em sua garimpagem dos signos preciosos No recôndito de nossa linguagem, carente de luz Descuidou do velho corpo, não o alimentou e não o regou Balizas biológicas do tempo subjetivo O poeta assim desfaz a ilusão do tempo que nos devora Correm os homens, os ventos balançam as árvores No compasso giratório da terra em torno do astro Poeta, és, portanto, a testemunha ocular e principal Do tempo que é o nada, projeção do homem, que não percebe O tigre, o jaguar, o lobo, as minhocas e nossos gatos A desoras o poeta ainda chafurda descontente e insatisfeito Pelo verso que aflorará fora do presídio do tempo. Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia. É autor do livro Universo Invisível e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.
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