Manter aparências nos faz gastar uma energia imensa para provar aos outros aquilo que, no fundo, sabemos que não é real. Acredito que o sucesso genuíno e verdadeiro seja viver de acordo com seus valores e alinhado com sua essência mais profunda. Mas, em tempos de rede sociais, percebo uma inquietação para nos mostrarmos vitoriosos, produtivos, bem-sucedidos e triunfantes. Uma ânsia para que todos saibam o quanto temos uma vida perfeita, tal e qual o comercial de margarina. É como se o sucesso profissional ou pessoal tenha virado uma obrigação e precisamos não somente conquistá-lo, mas também exibi-lo a qualquer preço. Um apelo emocional que vira um desassossego, impondo uma necessidade de ir além dos próprios limites para provar ao mundo seu próprio valor. Dias atrás, em conversa com um amigo a respeito da possibilidade da implantação do teletrabalho em sua empresa, ele me disse com todas as letras que a necessidade dos colegas em mostrar uns aos outros o quanto se estava produzindo era muito forte, e por isso introduzir um trabalho à distância, que traz a oportunidade de apresentar produtividade a empresa fora das instalações fixas que ela oferece, encontraria muita resistência para ser inserido na cultura da organização. Incrível não? O rendimento e eficácia em si não são o mais importante, o que realmente afeta as relações é a representação de um papel de alta produtividade para angariar a aprovação dos olhares alheios. A mesma ansiedade que nos faz correr atrás desta aparência para sermos admirados e conquistarmos o respeito alheio através do que parecemos ser, e não do que somos e sentimos de verdade. E se esta cultura vai a desencontro aos nossos valores, tudo se torna mais desastroso. O ser humano carece de profundidade, honestidade e do desenvolvimento da empatia consigo mesmo e com os que o cercam para viver uma vida bacana. E buscar “ansioliticamente” esta aprovação externa só revela uma necessidade premente de encontrar esta mesma aceitação em si. De nada adianta mantermos uma imagem triunfante, de imensa eficácia e rendimento, se na realidade estamos chorando no banheiro da empresa e com nossas vidas pessoais em pedaços. Carecemos de verdade e se a vida não está lá estas coisas, ser honesto consigo mesmo e não tentar passar uma imagem diferente disso já é o primeiro passo para a superação. A mudança se torna mais custosa quando escondemos as vulnerabilidades que temos, pois o apoio alheio fica mais distante. Sofrer sozinho sem o acolhimento do outro torna tudo mais pesado e fatigante. A alma humana é ávida pelo que é verdadeiro, autêntico e profundo. Manter aparências nos faz gastar uma energia imensa para provar aos outros aquilo que, no fundo, sabemos que não é real. Potência que pode ser investida no reconhecimento e validação de si e que trará o verdadeiro alívio para o coração. É preciso muita coragem para aceitar as dificuldades que ainda carregamos e olhar para si com respeito, atendendo as necessidades reais que se agitam dentro do peito. E aí está o grande desafio e o sabor da vida: transitar por ela com autenticidade, leveza e autoaceitação. Nota do Editor: Semadar Marques (www.semadarmarques.com.br) é especialista em Empatia, Liderança Colaborativa, Propósito de Vida e Inteligência Emocional. Através de suas palestras, conferências e workshops sobre esses temas, Semadar busca inspirar as pessoas a irem atrás do que lhes faz plenamente felizes.
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