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Arquitetura e Engenharia
24/01/2016 - 07h04
O que esperar do setor imobiliário em 2016?
Luiz França
 

O ano de 2015 terminou e não vai deixar saudades para o segmento da construção civil, paralisado pela redução de quadros em um setor que responde por grande parte da mão de obra que movimenta o país. No mesmo ritmo, 2016 também não sinaliza que será de grandes alegrias. Reflexo do cenário político e econômico do Brasil, o mercado imobiliário também se ressente do ambiente instável e da insegurança dos consumidores em assumir compromissos de alto valor e de longo prazo, já que manter o emprego e a renda tem sido um desafio e tanto.

O mercado reagiu de forma madura, com as incorporadoras reduzindo o preço dos imóveis com o objetivo de reduzir, assim, seus respectivos estoques. Quem tinha caixa para investir pode fazer bons negócios. Por outro lado, a principal fonte de recursos para a aquisição de imóveis, a caderneta de poupança, teve um ano de perdas, registrando o seu pior desempenho desde 1995: o valor de saques superou o de depósitos efetuados em R$ 53,6 bilhões.

Como o financiamento é o principal motor de alavancagem do setor de crédito imobiliário e este está enfraquecido, o desafio atual é promover condições para que outras ferramentas possam assumir papel mais relevante. Temos já alguns mecanismos, como os LCI's e LIG's (cover bonds brasileira), temos um marco regulatório que permite avançar nesse campo, é preciso viabilizar isso do ponto de vista mercadológico. Com estas alternativas na pauta, o setor ganha fôlego e pode avançar além do lastro baseado nos recursos depositados na caderneta de poupança. Se novos recursos propiciarem a correção dos financiamentos pelo IPCA, por exemplo, o comprador passa a ter maior segurança para assumir compromissos e o mercado pode, então, atender uma demanda por novos financiamentos.

Todo momento de crise nos força buscar novos caminhos e refletir sobre o que podemos mudar. Para o setor imobiliário, os novos caminhos existem e são defendidos por analistas do segmento há algum tempo. Talvez seja a hora, frente às dificuldades atuais, de se olhar mais profundamente para novos modelos de fazer negócio nessa área, investigar mais a fundo a solução encontrada em mercados mais desenvolvidos, aprender com quem já faz diferente e melhor. Um mercado ativo e com um ambiente favorável, o país terá condições de promover melhores condições para uma população que ainda luta por melhores moradias e sonha com a casa própria.

Para que essa realidade se altere, algumas coisas precisam mudar. Uma delas é quanto à possibilidade de um comprador poder desistir do negócio já fechado, o chamado distrato. O tema justifica uma reflexão, pois a incorporadora decide levar à frente uma obra em função das diversas pessoas que se comprometeram com a mesma e já iniciaram pagamento. Esse tipo de desistência ( que é alta no Brasil), compromete a continuidade da execução da obra e pode trazer graves consequências para a indústria da construção civil.

No setor residencial, os preços de imóveis dados em garantia para financiamentos mais do que quintuplicaram, saindo de uma base 100 em março de 2001 para 550 em junho de 2014. Para o investidor, o momento também pede atenção e análise criteriosa. Segundo dados divulgados recentemente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o preço médio do metro quadrado dos imóveis brasileiros à venda deve subir tímidos 0,9% em 2015. A projeção é que em junho de 2016, o metro quadrado registre queda de 4,8%, na variação acumulada nos últimos 12 meses. 


Nota do Editor: Luiz França é conselheiro de empresas e analista do mercado imobiliário.

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