O Projeto Rondon é uma ação do Ministério da Defesa que tem por finalidade viabilizar a participação de estudantes universitários nos processos de desenvolvimento local sustentável e de fortalecimento da cidadania. Tem como principal objetivo contribuir para a melhoria das condições de vida e bem-estar das populações mais necessitadas, por meio de ações que tragam efeitos duradouros para a economia, a saúde, a educação e o meio ambiente e que melhorem a qualidade e eficiência da administração do local de atuação. Tem também o objetivo de contribuir com a formação dos universitários brasileiros como cidadãos, integrando-os ao processo de desenvolvimento por meio de ações participativas sobre a realidade do Brasil. Visa consolidar o sentido de responsabilidade social coletiva, em prol da cidadania, do desenvolvimento e da defesa dos interesses nacionais, estimulando a produção de projetos coletivos locais, em parceria com as comunidades assistidas. O Projeto Rondon foi idealizado em 1966 e a primeira operação ocorreu em 1967. Trata-se de uma homenagem ao Marechal Cândido Rondon, nascido em 1865, no Mato Grosso, filho de branco e índia, órfão aos seis anos, que se tornou referência nas atividades de comunicações e demarcação de fronteiras. O projeto teve grande atividade até 1989, quando foi desativado. Foi retomado em 2005, com o envolvimento de diversos Ministérios e outros parceiros, visando o desenvolvimento local sustentável. Envolve atividades multidisciplinares em cultura, direitos humanos, justiça, educação, saúde, comunicação, meio ambiente, tecnologia etc. As IES (Instituições de Ensino Superior) envolvidas selecionam seus estudantes, que são treinados para elaboração de Projeto, envolvendo diversas atividades/oficinas. Em julho de 2015 ocorreram duas operações: Bororos, com base em Cuiabá/MT, e Itacaiúnas, com base em Marabá/PA, envolvendo cerca de 600 participantes (120 professores e 480 estudantes). As mulheres representam 61% dos rondonistas neste ano. A operação Itacaiúnas está presente em 15 municípios do Pará e Tocantins, envolvendo 30 IES de seis estados. As equipes que estão presentes em Rondon do Pará são da USP/ESALQ e UNIC – Cuiabá. Rondon do Pará é um município muito novo, fundado em 1969, pela ação de um Projeto Rondon, e emancipado em 1982, portanto com apenas 33 anos. Está localizado no sudeste do Pará, a cerca de 140 km de Marabá e 570 km de Belém, próximo a Imperatriz/MA, Serra Pelada e Tucuruí. Tem cerca de 8.000 quilômetros quadrados e 50.000 habitantes. A principal atividade produtiva são os serviços (60%); a agropecuária participa com 27% e a indústria com 13%. Foi importante polo madeireiro; atualmente tem grande exploração de pecuária de corte e está se consolidando como produtor de florestas plantadas (paricá) e soja. A USP/ESALQ conta com a participação de estudantes de Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal, Ciência dos Alimentos, Gestão Ambiental e Economia; está diretamente envolvida em oficinas nas áreas de agronomia (aproveitamento/conservação de alimentos, conceitos alimentares/panificação, produção de hortaliças e plantas medicinais, piscicultura, manejo e ocupação do solo, cooperativismo/crédito, manejo de pragas e propagação de plantas), ambiente (educação ambiental, qualidade e saneamento da água, arborização urbana/ paisagismo, gerenciamento de resíduos, saneamento/fossas sépticas) e educação (captação de recursos públicos, capacitação de lideranças, Office – Word e Excel). O Projeto Rondon é uma lição de vida e de cidadania. Uma maneira de conhecer um Brasil que está além dos livros. Em 2013 foi realizado o primeiro congresso específico. Neste ano, em setembro, será realizado o II Congresso Nacional do Projeto Rondon, em Santa Catarina/SC, com a possibilidade de apresentação de trabalhos, além de diversas palestras e discussões. Será feita uma avaliação dos 10 anos do projeto e sugeridas metas para os próximos 10 anos. Uma oportunidade de se conhecer e buscar participar desta ação. O Projeto Rondon é uma experiência importante para estudantes e professores universitários. Uma maneira de retribuirmos com um pouco dos conhecimentos que temos e aperfeiçoarmos nossa visão real do Brasil. Nota do Editor: José Otavio Menten, presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), eng. agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia, Professor Associado da USP/ESALQ.
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