A terceira idade envolve uma série de acontecimentos que fazem com que o idoso passe a avaliar sua vida a partir de novos conceitos. Mais do que qualquer etapa, a velhice é uma fase rica em experiências e, por que não incluir, entre elas, a experiência do amor? Muitos chegam a esta fase da vida sozinhos, seja pela separação, viuvez, ou mesmo, por não terem sido casados. Uma visão comum talvez possa afirmar que na terceira idade não é tempo de amor, mas não devemos esquecer que nossa natureza é gregária (de viver em grupo) e, neste sentido, dentre os determinantes de bem-estar na velhice, tais como saúde física, status social, capacidade de renda, papéis familiares e ocupacionais, capacidade cognitiva, relacionamento em grupos de amigos e todo tipo de grupo social, soma-se também a experiência do amor. Um dos aspectos importantes no amor na terceira idade é a questão do companheirismo e da convivência entre o casal. A troca de experiências, a proximidade, o carinho e a ajuda são fatores de destaque no amor vivenciado nesta etapa de vida. Associar a terceira idade a uma fase decadente é um dos equívocos que podemos cometer. Outra situação é não aceitar as mudanças que vêm com esta nova etapa da vida. Logo, a vivência da afetividade a partir dos relacionamentos de namoro, ou até mesmo de um novo casamento, poderá trazer um novo significado a esta fase. Mesmo assim, é muito importante que o idoso possa estar bem consigo, com as mudanças em sua vida, para que possa se relacionar de forma saudável com o outro O amor é uma dimensão importante na vida de cada um de nós, que nos aproxima daquilo que somos em essência e que também nos vincula ao outro, em qualquer idade que nos encontrarmos. Falar sobre este assunto com os idosos e permitir que falem a este respeito é essencial e traz um aspecto de permissão. Viver a dois traz o sentimento de fusão, de unidade, de continuidade e, além disto, reúne cuidado, respeito, proteção, segurança, compaixão, companheirismo, amizade, enfim, aspectos bastante válidos numa etapa de tantas transformações, na qual a socialização e os relacionamentos afetivos e sociais mostram-se importantes para a qualidade de vida do idoso. As etapas da nossa vida trazem suas características próprias, porém, não há necessidade de deixarmos de lado dimensões de nossa existência. Se o trabalho se transformou em aposentadoria, se os filhos já estão criados e se muito daquilo que se fazia não existe mais, é o momento de revermos nossos papéis e não deixarmos de lado as transformações, especialmente o lidar com o cotidiano, com a abertura para a vida e para um novo significado do amor. Nota do Editor: Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional e colaboradora da Fundação João Paulo II / Canção Nova. Twitter: @elaineribeirosp
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