Pequenos e médios municípios paulistas se apóiam em Arranjos Produtivos Locais (APLs) para estimular seu desenvolvimento. São conhecidos também como "clusters" - grupos de empresas voltadas para um mesmo setor produtivo, de acordo com os potenciais e as características de cada região. Apostar nos arranjos produtivos significa estimular a sociedade a investir na cultura da cooperação em benefício da competitividade conjunta, do desenvolvimento integrado e da estabilidade econômica.

Essa cultura está difundida há décadas em países europeus, destaque para Itália, país pioneiro neste impulso às cadeias produtivas. Na Europa, as pequenas e médias empresas que participam dos APLs impulsionam a economia com eficiência, cooperando entre si, utilizando tecnologias avançadas e valorizando aquilo que fazem de melhor. Unem também suas forças de cooperação empresarial e as ações de marketing.

No interior de São Paulo, os pólos produtivos já estão difundindo esta cultura. Existem diversas regiões mobilizadas para atividades que vão desde calçados até flores, passando por cerâmicas de revestimento, equipamentos médicos, jóias e artesanato.

Um bom exemplo é o pólo de Santa Gertrudes, na região de Rio Claro, que ficou consagrado como o principal pólo de cerâmica de revestimento das Américas. São 43 indústrias que trocam experiências e apostam em ações conjuntas para o crescimento do setor. Esses pólos de desenvolvimento, ao lado do agronegócio e de grandes empresas que se deslocam para o interior, além de multiplicar a oferta de empregos e impulsionar o desenvolvimento, também atraem turistas.

Outros exemplos de "clusters" são o pólo de jóias e bijuterias, na cidade de Limeira; o pólo de cerâmica artística em Porto Ferreira; o pólo de calçados infantis em Birigui; o pólo de equipamentos médicos em Ribeirão Preto; o pólo de floricultura em Holambra; o pólo de bordados e artigos de cama, mesa e banho, na cidade de Ibitinga; o pólo de tecnologia ligado ao ParqTec, em São Carlos; o pólo de ecoturismo e esportes de aventura em Brotas e Itirapina; o pólo de artesanato em pedras de Pedreira, entre outros.

O ponto crítico dos APLs no Brasil, no entanto, é seu lento processo de consolidação. Os empreendedores regionais precisam tomar cuidado para não confundir arranjos produtivos com meros aglomerados de empresas de um mesmo ramo. O desafio está em conseguir expandir a produção de forma organizada e introduzir, definitivamente, os conceitos de gestão compartilhada, acesso facilitado ao crédito e ao mercado externo e cooperação nos processos.

Exatamente para se desenvolver de forma integrada, os "clusters" paulistas estão recebendo incentivos de diversas áreas como governo estadual, prefeituras locais, Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Esse movimento também pode se transformar num grande gerador de empregos. No pólo de cerâmica Santa Gertrudes, por exemplo, são 75 mil empregos diretos e indiretos nas cidades da região. Esta pode ser uma das soluções para derrubar os altos índices de desemprego que assustam as famílias brasileiras. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou em março uma taxa de desemprego de 12,8%. São 2,7 milhões de desempregados nas seis principais regiões metropolitanas do país.

O problema do desemprego, resultado de uma política econômica que prioriza o combate à inflação através do corte de investimentos e juros elevados, deve ser enfrentado com ações locais. De nada adianta esperar por fórmulas milagrosas. Os APLs surgem como umas das soluções para as pequenas e médias empresas brasileiras. Empresários e governantes do interior do país precisam entender que esses clusters são a forma mais segura, atualmente, para o desenvolvimento regional, o combate ao desemprego e ao fomento da economia local. Esta mentalidade de união é fundamental e, o melhor, está dando resultados satisfatórios.

Nota do Editor: João Carlos Vitte é presidente da Associação dos Municípios do Leste Paulista (Amlesp) e prefeito de Santa Gertrudes (SP).