22 de abril
Principal produto do comércio português e espanhol na época das Grandes Navegações, as especiarias buscadas na Índia e na África são uma das principais heranças culturais para o Brasil de hoje, consumidas e requeridas em todo o país. Na coleção História, Sociedade & Cidadania, da Editora FTD, o autor Alfredo Boulos, mestre em História Social e doutor em Educação, aponta como o uso desses temperos se popularizaram nas cozinhas brasileiras e do mundo. No Brasil, as especiarias como pimenta, canela e cravo são muito utilizadas na cozinha; e a adoção da culinária trazida pelos imigrantes popularizou no país o uso de várias outras, como o gengibre, o açafrão, o orégano. Na cozinha baiana, que carrega forte influência da África, emprega-se altas doses de pimenta. Mas outras culinárias comuns ao gosto do brasileiro atualmente também recorrem ao “tempero especial”. Os italianos são conhecidos por empregarem o orégano, a sálvia e o alecrim. Os árabes recorrem ao gengibre. Os indianos adoram utilizar o açafrão, enquanto os alemães não dispensam a páprica e a noz-moscada. No último século, as especiarias passaram a ser valorizadas também para o uso medicinal – na composição de fórmulas e preparo de chás – na indústria de doces, bebidas, higiene e cosméticos. As Grandes Navegações e a chegada ao Novo Mundo O governo monárquico centralizado, o alto índice de comércio, uma burguesia próspera baseada nas cidades litorâneas do país, o desenvolvimento de técnicas, conhecimentos necessários à navegação e da caravela, uma embarcação mais rápida, fácil de manobrar e ágil, são alguns dos fatores que contribuíram para que Portugal se tornasse o pioneiro das Grandes Navegações e, por conseguinte, um dos países que mais lucrou com as expedições. A crença portuguesa de que chegariam ao Oriente contornando a África foi comprovada em 1498, com a chegada de Vasco da Gama à Índia, que trouxe de sua viagem uma fortuna em especiarias, como pimenta, canela e gengibre. Aberto o caminho, em poucos anos o negócio tornou-se a principal fonte de renda do governo de Portugal. No entanto, a concorrência começa a aparecer forte em 1492, com a aprovação da expedição de Cristóvão Colombo, que desejava chegar ao Oriente navegando em direção ao Ocidente, ou seja, dando a volta em torno do mundo. A teoria de Colombo estava correta: o mundo era redondo, mas no meio do caminho o navegador encontrou outro continente: a América. A notícia da descoberta das terras americanas gerou grande conflito entre Portugal e Espanha e deu origem, em 1494, ao Tratado de Tordesilhas, que consistia em dividir, com uma linha imaginária, o mapa. As terras a oeste pertenceriam à Espanha, enquanto as localizadas a leste seriam de Portugal. Entusiasmado com o lucro da viagem de Vasco da Gama, o rei de Portugal, D. Manuel, decidiu enviar outra expedição às Índias, a fim de firmar o comércio português com o Oriente. Comandada por Pedro Álvares Cabral, a esquadra, formada por 10 naus e 3 caravelas, partiu de Lisboa em 9 de março de 1500. Boulos assim descreve a viagem e a chegada dos portugueses ao Brasil: "O rei encarregou Cabral de tomar posse das terras que encontrasse pelo caminho. Por isso, Cabral ordenou aos pilotos da sua esquadra que se afastassem do litoral africano, velejando cada vez mais em direção ao Ocidente. Depois de 43 dias no mar, os tripulantes avistaram pássaros e algas, sinal de que havia terra por perto. Finalmente, na tarde do dia seguinte, 22 de abril de 1500, uma quarta-feira, avistaram um monte verde-azulado de formas arredondadas, ao qual deram o nome de Monte Pascoal, pois era semana da Páscoa. Os portugueses desembarcaram junto a uma aldeia do povo Tupiniquim, no lugar onde é hoje Porto Seguro, na Bahia. Lá fincaram uma cruz de madeira para dizer que daquela data em diante aquelas terras eram deles. Depois de tomar posse, estabelecer contato com os indígenas e ordenar a celebração da primeira missa, Cabral enviou um navio de volta levando a carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão de sua armada."
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