Conforme deliberação da ONU, 2015 é o Ano Internacional do Solo, que requer atenção urgente, pois a sustentabilidade do chão no qual pisamos, plantamos e edificamos é crucial para enfrentar as pressões inerentes ao crescimento demográfico. Ante a grandeza do desafio, é essencial uma reflexão: não haverá êxito em qualquer política global para a sustentabilidade do solo sem o equacionamento do seu uso e ocupação, principalmente no planejamento urbano. Explico: dentro de limites adequados de adensamento populacional, é preciso que as cidades não sejam muito espalhadas. Se forem, será necessário utilizar e impermeabilizar mais áreas, levando cada vez mais longe a infraestrutura de água, esgoto e energia elétrica, moradias, vias asfaltadas, transportes, hospitais, escolas, centros de compra e lazer e tudo o que as pessoas precisam para trabalhar e viver. A realidade, expressa em dados da própria ONU, é inexorável: em 2050, mais de 95% dos terráqueos estarão vivendo nas cidades. No Brasil, em certas regiões, como no Sudeste, esse percentual já ultrapassa os 90%. A Grande São Paulo, por exemplo, cresce a taxas de 1% ao ano, absorvendo anualmente cerca de 150 mil novos habitantes. Portanto, é decisiva a questão do adensamento demográfico, que pode exigir até mesmo a revisão de normas e leis e uma nova visão na arquitetura dos planos diretores das grandes cidades. Estudo do Banco Mundial (BIRD), intitulado Planejando, Conectando e Financiando Agora: O que as Lideranças Urbanas Precisam Saber, divulgado em 2013, confirma a necessidade de se promover, nas grandes cidades, um planejamento capaz de conciliar a criação de empregos, transportes, moradia e preservação ambiental. Para tanto, os especialistas do BIRD defendem políticas públicas de mais adensamento populacional, para evitar maior consumo de áreas naturais; a conexão entre bairros e cidades, otimizando o acesso moradia/emprego e diminuindo as distâncias e o tempo de viagem de seus moradores; e a manutenção de regulamentações flexíveis no uso e ocupação do solo. O adensamento potencializa economicamente diversos tipos de operações comerciais e serviços. Para que se viabilize, porém, é preciso infraestrutura, um gargalo no Brasil. Nesta questão, gostaria de destacar o problema da mobilidade dos grandes centros. É preciso investir pesadamente numa rede metroviária mais ampla, única capaz de prover transporte em escala com segurança e conforto. Só para se ter uma ideia do nosso atraso, em Paris, existe uma estação de metrô para cada sete mil habitantes. Esta relação em Nova York é de 17 mil habitantes; em Buenos Aires, 50 mil habitantes/estação. Em São Paulo, contudo, é de 168 mil habitantes por estação. Analisar esses conceitos é imprescindível no Ano Internacional do Solo. Afinal, sua preservação e adequado uso são fundamentais para a sustentabilidade do Planeta e a qualidade da vida no ambiente urbano! Nota do Editor: Luiz Augusto Pereira de Almeida é diretor da Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da Sobloco Construtora.
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