Cidade da criança, capital da uva, do reggae, da tecnologia ou do agronegócio. Além de resumir as características e tradições locais, o reconhecimento tem atraído cada vez mais turistas aos destinos
A prática de nomear lugares com base nas tradições e características locais, também chamada de toponímia, deixou de ser objeto de estudo da geografia cultural para se transformar em uma ferramenta de promoção dos destinos turísticos brasileiros. O motivo é que títulos como “a capital da tecnologia”, conferido à cidade de São Carlos (SP), a “cidade das crianças”, de Maravilha (SC) ou da “capital nacional do cooperativismo”, em Nova Petrópolis (RS) tem o poder de sintetizar, em poucas palavras, as características de um local – e atrair cada vez mais turistas para a região. Um exemplo de sucesso é o de Barretos (SP), a capital do rodeio. O reconhecimento oficial da cidade, em 2012, aumentou a visibilidade não só da festa do peão, como também dos demais eventos da cidade. “É o resultado de um trabalho de 60 anos”, afirma o consultor de marketing Marcelo Murta, que trabalha em parceria com o município. “São ativos que ajudam a cidade a se posicionar no mercado em busca de reconhecimento. É sem dúvidas algo positivo que contribui para o desenvolvimento do turismo”, disso o ministro do Turismo, Vinicius Lages. Não é à toa que, nos últimos oito anos, 16 municípios brasileiros obtiveram o reconhecimento por lei federal desse tipo de título. A disputa é tão grande que o país conta com variações como a “capital nacional da agricultura ecológica”, como é chamada a cidade gaúcha de Ipê e a “capital nacional da agricultura de precisão”, como ficou conhecido o município de Não-Me-Toque, também no Rio Grande do Sul. Já a “capital nacional do agronegócio” é Sorriso, no Mato Grosso. Há ainda títulos informais, tais como a “cidade imperial”, nome dado à Petrópolis (RJ) e “capital brasileira do reggae”, apelido de São Luís (MA). Outros, como o município de Venâncio Aires (RS), ainda aguardam para que o Congresso aprove o Projeto de Lei que confere à cidade o título que, no caso de Venâncio, é o de “capital nacional do chimarrão”. Vânia Nagem, gerente do Centro de Referência em Nomes Geográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirma que a toponímia pode ser de grande ajuda ao desenvolvimento do turismo regional. “Principalmente o turismo de base local pode contar a história dos lugares por meio dos nomes e isso, com certeza, tem um grande potencial”, diz.
|