Sintonia com o ambiente, originalidade e qualidade no atendimento são características desejáveis a um destino de charme, segundo os viajantes
A administradora de empresas Roberta Farolli, de 32 anos, costuma dizer que só viaja a lazer para destinos turísticos charmosos. Para ela, o charme é um conjunto de características que torna o local especial. “Sabe o detalhe de uma janela construída com materiais típicos da região, a localização privilegiada no alto de um morro ou à beira mar? Ou aquela comida caprichada e o atendimento pelo nome? Para mim, charme é o que me surpreende pela qualidade e simplicidade, sem ostentação”, afirma. Não existe uma definição para destinos ou roteiros de charme. Internautas elegem seus preferidos em redes sociais baseados em avaliações, na maioria das vezes, subjetivas. De acordo com relatos, o charme pode estar em um mirante para contemplar o pôr do sol, em uma varanda para apreciar os pássaros, em uma rede para tirar um cochilo e até em uma lareira para se aquecer do frio. O hotel ou a pousada, quase sempre, estão situados em locais excêntricos, rodeados por belas paisagens à beira mar, entre montanhas ou em torno de reservas naturais. Algumas associações criam critérios objetivos para classificar hotéis, pousadas e passeios charmosos. Em comum, segundo a avaliação de uma revista brasileira que classifica os hotéis de charme, está a preocupação de priorizar o bem estar do turista, sem mimos ou requintes. “O segredo pode estar na forma que o funcionário trata o visitante ao quebrar, por exemplo, a receptividade padrão: ‘oi senhor, boa tarde, tudo bem?’ e ajudar o visitante a captar a memória afetiva do local e sentir vontade de voltar”, afirma Eduardo Merli, um dos responsáveis pela seleção de hotéis de charme. O produtor rural Renato Pita, de 62 anos, gosta de explorar roteiros que considera de charme. Em 20 anos, já visitou cidades como Petrópolis (RJ), Ouro Preto (MG) e Natal (RN). De acordo com Pita, o que diferencia um roteiro de charme dos demais são os serviços prestados nos hotéis. “A soma de simpatia, boa vontade, atenção e competência resultam em um atendimento de qualidade”, diz. Em Itaipava, região serrana do Rio de Janeiro, o visitante é carinhosamente recepcionado por um casal de pavões na pousada de Gaspar Viana. “Aqui, pequenos detalhes fazem a diferença. Nas refeições, por exemplo, temos o costume de preparar uma salada de flores comestíveis com frutos colhidos em nossa própria horta. Até a forma de cortar as frutas tem um cuidado especial”, diz. O café da manhã tem, a cada dia, algo diferente, como uma canjiquinha ou um bolo caseiro de fubá. Donos de hotéis e pousadas também têm usado a cultura da região para atrair o hóspede – e acrescentar uma pitada de charme ao meio de hospedagem. A presença do regionalismo pode estar na decoração, com produtos de artesãos locais ou, até mesmo, na adesão a alimentos típicos.
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