Psicólogo e escritor Alexandre Bez explica o Complexo de Édipo vivido por personagens da novela Império
O inconsciente é muito poderoso, ele delimita terrenos, estabelece estratégias e chega a traçar planos mirabolantes para atender um desejo, geralmente alicerçado na esfera sexual. Na novela “Império”, por exemplo, nos deparamos com um aspecto de desejo sexual inconsciente diferenciado. O personagem João Lucas (Daniel Rocha), ao esboçar seu interesse repentino por Maria Isis (Marina Ruy Barbosa) está atendendo um pedido de seu inconsciente, que pode ser classificado como uma vertente do complexo de Édipo. “O complexo de Édipo é quando o filho deseja a mãe inconscientemente e compete por seu amor com o pai. Esse processo se inicia na infância, juntamente com as três instâncias mentais: Ego, Id e Superego. O Id é o canal do desejo. O Superego, a nossa censura e racionalização. E o Ego, a nossa personalidade, o nosso eu. O curso dessas formações mentais e a formação da nossa psicossexualidade, nessa fase infantil determinarão quem seremos no futuro, criando nossa personalidade”, explica o psicólogo e escritor Alexandre Bez. Nessa variante do Complexo de Édipo, João Lucas reprime o desejo por sua mãe, Maria Marta (Lília Cabral), através da ação do Superego que bloqueia a ideia de uma relação incestuosa. Então a figura da mãe sai de foco e entra a figura de Maria Isis (Marina Ruy Barbosa). Ele não tem nenhuma ligação familiar com ela e não teme a competição com o pai, entendendo que pode desafiá-lo, desejando-a como mulher. “A hipótese diagnóstica mais provável é que ele possa ter realizado uma transferência de seu desejo objetal (a mãe) para a madrasta. Não se sentindo tão culpado, mesmo que dentro do aspecto do inconsciente. E há o fator de competição com o pai, que também pode vir desde a infância e continua na vida adulta” conclui Bez.
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