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Brasil
13/07/2014 - 07h10
Derrota não surpreende torcedores brasileiros
Vinícius Lisboa - ABr (*)
 

12/7/2014 - “Caipirinha! O melhor remédio para esquecer! Bem gelada e bem forte!”, gritava um vendedor ambulante na orla de Copacabana, lotada de torcedores que assistiam aos minutos finais da derrota de 3 a 0 do Brasil para a Holanda. Quando o jogo terminou, no entanto, eram poucos os que manifestavam alguma indignação. A maior parte reagia com apatia, conversando, se dirigindo ao transporte público ou até dançando o funk que começava a tocar no palco.

“Eu estava esperando que seria pior. Depois daquela goleada, não acreditava em vitória hoje”, resignou-se o carioca Marcelo Rodrigues, de 31 anos, com sua caipirinha na mão, referindo-se a derrota que o time brasileiro sofreu da Alemanha, por 7 a 1, na semifinal. Vestindo a camisa do Flamengo, ao invés da do Brasil, ele parecia mais preocupado com o jogo de amanhã, a final, que será disputada entre a Alemanha e a Argentina. “Torço para a Flalemanha vai ganhar no Maraca [Maracanã]. Se os argentinos forem campeões, vão nos zoar para sempre”, disse, recorrendo ao trocadilho que se popularizou no Rio com o uso do uniforme vermelho e preto pelo país europeu.

A professora Julia Zen, de 27 anos, acertou o placar. “Eu vim com a camisa do Brasil porque, ganhando ou perdendo, não tenho muito orgulho de ser brasileira. Mas aposto que vamos perder”, disse no início do jogo. Quando saiu o segundo gol, ela balançou a cabeça como quem recebe uma notícia já esperada: “Não falei?”.

O servidor público André Ferreira, de 26 anos, era um dos poucos que pareciam irritados. “Essa Copa não podia ter terminado assim. Eles tiveram todas as condições de treinar. Terminamos humilhados”, reclamava ele, que, apesar disso, gostou do Mundial. “Me diverti muito, claro. Foi muito animado até esta semana. Seria melhor ter perdido para a Colômbia”.

Enquanto os brasileiros reagiam com desânimo, grandes grupos de argentinos cantavam as músicas que usam para motivar a seleção e também as que zombam do Brasil, como o já constante nas ruas do Rio “Decime que se siente”, em que lembram a eliminação do Brasil pela Argentina na Copa da Itália, em 1990, e afirmam que Maradona é melhor que Pelé.

“Não torci contra o Brasil. Mas também não torci a favor. Vim assistir, mas, para a gente, esse jogo não vale nada”, desdenhou o argentino Juan Martinez, que, ao contrário dos compatriotas que cantavam, bebia uma caipirinha quieto, sentado no meio-fio.

Mais raros e bem mais discretos, grupos de alemães também assistiram à partida. Aproveitando a noite fria em Copacabana, um grupo cantava desafinado: “Olê, olê, olê, olê. Alemanha vai ganhar”. “Vai ser de 3 a 0 amanhã”, disse otimista Heinz Schaefer, de 47 anos.

Entre os brasileiros, não era difícil encontrar quem já simpatizasse com os alemães e até reagisse às brincadeiras dos argentinos apoiando os europeus. “Nunca vou torcer para a Argentina. Seria como torcer para o Corinthians”, disse o palmeirense Gustavo Soares.

A Holanda venceu o Brasil neste sábado por 3 a 0 e ficou com o terceiro lugar na Copa do Mundo de 2014.

No Fifa Fan Fest, em Brasília, cerca de 8 mil pessoas acompanharam a partida, segundo a Coordenadoria de Comunicação para a Copa do Distrito Federal. O número é inferior ao registrado em outros jogos do Brasil, como no jogo com a Colômbia, quando 45 mil pessoas lotaram o local.

Antes da partida, muitos torcedores previam dificuldades para o time do Brasil e apostavam na vitória holandesa. Para o torcedor Fernando Naves, o desânimo na torcida tem explicação na goleada sofrida para a Alemanha na semifinal. “O brasileiro esperava muito, era uma expectativa muito grande por esse título, até por ser dentro da nossa casa. Mas realmente houve um vazio muito grande na torcida, os brasileiros estão um pouco desmotivados”.

A torcida apoiou a seleção durante a maior parte do jogo. No entanto, depois do terceiro gol holandês, a reação já era outra. Para Márcio Fagundes, que também estava na Fifa Fan Fest, a impressão deixada pela seleção brasileira nos dois últimos jogos da Copa não foi positiva. “Eu gosto de ver futebol bem jogado, mas o resultado foi trágico, muito ruim. Em dois jogos, tomar dez gols é complicado para qualquer time, ainda mais para um time pentacampeão”.

(*) Colaborou o repórter Igor Curvo, do Radiojornalismo, em Brasília

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