Um plano para transformar São Paulo rapidamente em um "Estado do Turismo" está em andamento no governo paulista, envolvendo várias secretarias e ações integradas que irão dobrar as atividades do setor até o final deste ano, gerando mais emprego e renda. A criação de um novo modelo de organização de circuitos turísticos é a base desse plano. A idéia é agrupar os municípios que tenham uma identidade comum de atrativos, formar consórcios e oferecer um roteiro mais amplo e organizado a ser oferecido a operadoras e agências de turismo. "Agora, com esse turismo regionalizado, o roteiro deixou de ser de apenas um dia, em um só município", destaca Marco Antonio Castello Branco, secretário-executivo de Turismo, cuja atuação está vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo. Vários desses roteiros foram implantados durante o ano passado e operam com sucesso, movimentando o comércio e serviços dos municípios envolvidos - que se preocupam em formar agentes receptivos qualificados e conquistar novos turistas. O Roteiro dos Bandeirantes, por exemplo, é um dos mais procurados, envolvendo oito municípios: Araçariguama, Cabreúva, Itu, Pirapora do Bom Jesus, Porto Feliz, Salto, Santana de Parnaíba e Tietê. Os outros circuitos lançados (Caminho do Mar, Circuito das Frutas, Cavernas da Mata Atlântica, Aventura e Lazer, Águas Paulistas e Pólo Cuesta) já são produtos com grande aceitação no trade. Dentro desse conceito, será lançado em outubro próximo, durante o SP Boat Show, o Roteiro Turístico da Hidrovia Tietê-Paraná, que envolverá 80 municípios ao longo dos rios Tietê e Paraná. Castello Branco se entusiasma com esse novo roteiro: "Tem 1.600 km de extensão, com características excepcionais, como oito eclusas, praias bonitas, iate clubes, trechos piscosos." Há barcos com capacidade para 500 e 300 passageiros já em operação. Uma primeira viagem experimental contou com a participação de duas personalidades: Lars Grael e Amir Klink. A previsão é a de que seja lançado simultaneamente com o circuito Turismo Náutico, que abrangerá além do mar, lagos, rios e represas para a prática de pesca esportiva, canoagem, vela, jet ski. A Secretaria de Juventude, Esportes e Lazer terá participação importante na iniciativa. Outros circuitos integrados a serem lançados ainda este ano, reforçam a convicção do secretário de que o turismo vai dobrar em São Paulo: Costa Verde Paulista, Caminho dos Tropeiros, Aventuras do Rio Aguapeí, Circuito Ciência e Tecnologia, Circuito da Laranja, Circuito da Mantiqueira, Circuito dos Fortes, Circuito dos Grandes lagos, Circuito Paulista da Estrada Real, Circuito Turístico e Cultural da Capital, Roteiro da Imigração Japonesa, Roteiro do Grande ABC, Roteiro Lagamar São Paulo-Paraná. "Com as novas atrações, esse número certamente se multiplicará". O otimismo do secretário se fortaleceu ainda no mês passado, com a boa notícia de que o governo de São Paulo está finalizando a assinatura de um financiamento de US$ 20 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para projetos de ecoturismo na região de Mata Atlântica. Uma missão do BID virá a São Paulo para os últimos acertos do programa. O programa contempla seis Parques Estaduais, cinco localizados no Vale do Ribeira e um no Litoral Norte de São Paulo (Ilhabela). Somam-se a isso, o programa de saneamento ambiental da Baixada Santista, com recursos de U$ 350 milhões do JBIC (Japan Bank for International Cooperation) e da Sabesp, que permitirá a despoluição das praias do litoral, a melhoria de estradas turísticas em vários municípios, os eventos com a Secretaria da Cultura, as parcerias com a Prefeitura de São Paulo. Além disso, o Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), tem recursos R$ 115 milhões previstos no orçamento deste ano, destinados aos 67 municípios considerados estâncias turísticas. No Vale do Ribeira, o Fundo de Desenvolvimento do Vale do Ribeira (Fundesvar), desenvolve iniciativas de incentivo à da iniciativa privada para o ecoturismo, enquanto o Banco do Brasil e a Nossa Caixa mantêm linhas especiais de crédito ao setor. Um grande salto Ao falar sobre o assunto, o governador Geraldo Alckmin observa que o setor de turismo é, atualmente, o que mais cresce e gera oportunidades de trabalho e renda no mundo. "No mundo inteiro, investem-se bilhões de dólares nessa atividade. É um setor fundamental sob o ponto de vista de distribuição de renda, geração de emprego, oportunidade de trabalho, aproximação dos povos e preservação da cultura e do meio ambiente", afirma o governador. "Temos todas as possibilidades de dar um grande salto no setor", destaca. Castelo Branco comenta que São Paulo, que já é o maior centro de turismo de negócios do País, com 6 milhões de turistas estrangeiros por ano, e está pronto para mostrar todos os seus atrativos. "Aqui tem tudo: a maior reserva de Mata Atlântica do País, o maior número de cavernas das Américas, praias lindas, estâncias climáticas, cidades históricas, atrações culturais. Só não temos neve, mas com a capacidade empresarial dos paulistas, já já vamos produzir neve", brinca o secretário. Permanência no Estado A prioridade do governo paulista na geração de emprego e renda também no setor turístico está levando a secretaria a duas estratégias: primeiro, mostrar as atrações do Estado ao próprio paulista, e segundo, um esforço para que o turista estrangeiro a negócios permaneça por mais um ou dois dias. "A capital de São Paulo é o maior emissor nacional e internacional, seguido do Interior do Estado; diante dessa demanda, nossa prioridade é mostrar fortalecer o turismo interno, nossos atrativos, que nada ficam a dever com outros Estados ou países", afirma Castello Branco. O titular da pasta, João Carlos Meirelles concorda: "Muita gente gosta de ir para a Europa, já visitou Miami, mas não conhece nada em sua própria região".
|