Franquias. Negócios. Emoções. Ídolos. Sonhos. Compromissos. Prazos. Amadorismo. Profissionalismo... Confuso? Não fique. Eu explico. Quando comecei a curtir música e criar meus primeiros ídolos, descobri uma parte importante da minha alma. E meu traquejo para cantar. Ora pois, pois... Naquela época, 80-90, a coisa era muito mambembe, mesmo os artistas consagrados se deparavam com infra-estrutura precária de som, iluminação, cenografia e espaços. O que criava cumplicidade com o público e aquele sentimento que muitos chamavam de “guerrilha cultural”. Que coisa antiquada, meu Deus! Faz sentido, se a gente lembrar que a abertura ainda estava se consolidando, e nossas instituições eram bem mais frágeis do que hoje. Mas vamos ao ponto: hoje o Brasil organiza megaeventos como o Rock in Rio com planejamento e estrutura de primeiro mundo. No entanto, as atrações seguem os ditames do mercado, cabendo aos espaços alternativos alguns artistas mais identificados com o espírito que originou o festival. Não vou criticar o trabalho dos artistas escalados, especialmente os que reúnem o maior interesse da mídia, nem ignorar que a perda de espaço dos artistas de rock também é responsabilidade deles. Festivais são um grande negócio, e tem que ser viáveis comercialmente para ter continuidade. Se um dos seus artistas favoritos, daqueles que fazem “rock de verdade”, vem e faz um show digno da sua paixão, comemore! Será que ele viria em outra circunstância? Se serve de consolo, estive este ano no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça. Evento tradicional, realizado há mais de quarenta anos. Como bem observou meu amigo Anand Rao, parceiro na empreitada, o festival não tem Jazz! De fato, em um dos espaços fechados (e pagos!), havia artistas de Jazz se apresentando diariamente, num ambiente intimista. Além disso, algumas oficinas nos espaços abertos. Assisti shows de Soul, Fanfarras, Rock, Aborígenes e... nada de Jazz. No espaço principal, shows de nomes como Ben Harper, Green Day, Sting, ZZ Top, Prince, Kraftwerk, Joe Cocker e Herbie Hancock, fechando o festival (e honrosamente representando o Jazz em alto nível). Portanto, fã de Bruce Springsteen, Metallica ou Florence and the Machine, curta seu esperado show, avalie o evento de forma ampla e, se achar que deve, mobilize-se para criar alternativas. Faz muito bem! Nota do Editor: Fábio Barros (fabio.cbmdf@gmail.com) é cantor, compositor, engenheiro... e curioso irrecuperável!
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