Recentemente, o Ministério de Minas e Energia apresentou uma nova metodologia para o uso de usinas termelétricas, que deve começar a ser aplicada em setembro. Mas será que isso pode representar alguma mudança para o consumidor final de energia? Na verdade, o sistema prevê uma economia de custos na ativação dessas usinas, que deixarão de ser utilizadas apenas em medidas emergenciais, e consequentemente uma diminuição do encargo para segurança de suprimento, que todos os consumidores de energia, livres ou cativos, pagam. Atualmente, as termelétricas são acionadas apenas quando há a necessidade de maior suprimento energético, como em situações de falta de água nos reservatórios das hidrelétricas. Para se ter uma ideia, nos últimos meses, praticamente todas as usinas térmicas em solo nacional foram acionadas, inclusive as movidas a óleo diesel. Nesse sistema, a cada vez que é despachada em situação extrema, o custo é maior e acaba sendo repassado em forma de encargos (Encargos de Serviços do Sistema – ESS) na conta do consumidor, sempre no ano seguinte. Ou seja, os usos das termelétricas durante 2013, ocorridos fora da ordem de mérito de custo econômico, serão cobrados na conta de luz dos consumidores apenas em 2014. Desenvolvida pelo Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel), a nova metodologia vai trazer mais transparência e terá parâmetros mais objetivos. Se, a princípio, o preço tende a ficar mais alto por conta da fase de adaptação ao novo sistema, o resultado final é de economia para o usuário residencial, que deixará de pagar o ESS, e principalmente para as empresas mais planejadas, acostumadas a comprar energia a longo prazo no mercado. Vale lembrar que as mudanças ainda estão em consulta pública na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sob a análise de agentes interessados e que podem detectar falhas de redação, de lógica de funcionamento e fazer sugestões para melhoria. Já no início de setembro, deve ser posta em prática para trazer um melhor planejamento energético a todo o país. Nota do Editor: Mikio Kawai Jr. é economista pela FEA-USP (1995), mestre em economia pela Unicamp (1999 - dissertação sobre gestão de riscos) e Advanced Executive Management pela IESE Business School (Espanha 2011). Iniciou a carreira no mercado financeiro em bancos de investimentos, tanto nacional como estrangeiro, migrou para o mercado de energia na sua genese, em 1998, tendo trabalhado na CPFL Energia ate 2004, atuou como gerente de suprimento de energia na AES Brasil, gerente de operações na Openlink (Nova York e SP). Desde 2008 ocupa o cargo de diretor executivo do Grupo Safira, companhia que atua na comercialização de energia, além de consultoria e prestação de serviços em representação de entidades no âmbito da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
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