Para muitas pessoas em todo o mundo, Nelson Mandela é o símbolo da paz, da reconciliação e da construção da nação. Sua dedicação de toda uma vida à luta contra a opressão racial, ao fim pacífico do apartheid e à colocação dos alicerces de uma nova e democrática África do Sul concedeu-lhe o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Nelson Mandela tornou-se o primeiro presidente negro, democraticamente eleito da África do Sul, que revolucionou a abordagem e o estilo em todo o continente. O seu primeiro mandato serviu de exemplo notável para o mundo, um fenômeno singular no contexto africano, devido a várias ditaduras e a tendência de se apegar ao poder no continente. Durante o seu mandato, ele trabalhou incansavelmente na resolução de conflitos na África e no mundo, agindo como símbolo de união entre diferentes grupos políticos, religiosos, culturais e raciais. Nelson Mandela nasceu em 18 de julho de 1918 no distrito de Qunu, Província do Cabo Oriental. Ele frequentou a Escola Metodista de Healdtown, Fort Beaufort e depois foi estudar na Universidade de Fort Hare, onde se envolveu em política estudantil. Foi em Fort Hare que conheceu Oliver Tambo, tornando-se amigos íntimos, sendo que ambos foram expulsos em 1940, como resultado da participação dos dois em uma greve estudantil. Mandela saiu de Transkei, parcialmente para evitar um casamento tribal arranjado e mudou-se para Johannesburg onde conseguiu um emprego de policial em uma mina. Logo depois ele conheceu Walter Sisulu que o ajudou a conseguir artigos em uma firma de advocacia. Conseguiu seu bacharelado em Artes por correspondência em 1941, e estudou Direito na Universidade de Witwatersrand. Em dezembro de 1952, Mandela e Oliver Tambo constituíram a primeira parceria em uma firma de advogados negros no país. Juntamente com Sisulu e Tambo, Mandela participou da fundação da Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (ANCYL) em 1944 e, em 1948, foi o seu secretário nacional. No final dos anos 50, Mandela tornou-se presidente nacional da Liga Jovem. Naquele cargo ele viajou por toda a África do Sul recrutando voluntaries disciplinados que estivessem dispostos a quebrar as leis do apartheid. A campanha de desafio foi iniciada oficialmente em 26 de junho de 1952 com Mandela e outras 51 pessoas quebrando as regulamentações do toque de recolher como seu primeiro ato de rebeldia. Em dezembro de 1956, Mandela e outros 155 ativistas políticos foram presos e acusados de alta traição. Até 1959 o julgamento por traição ainda estava em andamento. No mesmo ano, o ANC planejava uma campanha contra as leis do passe. A campanha foi afetada quando o Congresso Pan-Africano (PAC) promoveu protestos maciços contra aquelas leis em 21 de março de 1960. Durante um dos protestos, aconteceu o massacre de Sharpeville resultando na morte de 67 manifestantes. Isso levou à proibição do ANC e do PAC enquanto o governo declarava estado de emergência. Durante a emergência, cerca de 1.800 ativistas políticos, incluindo Mandela, foram presos sem acusações ou julgamento. Em 1962, Mandela atravessou a fronteira clandestinamente para aparecer de surpresa na Conferência do Movimento de Liberdade Pan-Africana em Adis-Abeba. Ele explicou aos participantes por que a Umkhonto we Sizwe havia sido formada e por que ela havia feito os primeiros ataques. Na sua viagem, ele recebeu treinamento de guerrilha na Argélia e foi para Londres onde se reuniu com líderes de partidos britânicos de posição. Ao voltar para a África do Sul, Mandela foi capturado em 5 de agosto perto de Howick, Província de Natal. Mandela foi julgado no Tribunal da Antiga Sinagoga em Pretória e, em novembro de 1962, foi sentenciado a cinco anos de prisão por incitação e por deixar o país ilegalmente. Ele começou sua sentença na Prisão Central de Pretória. Enquanto Mandela esteve na prisão, a polícia vasculhou a sede clandestina do ANC na Fazenda Lilliesleaf em Rivônia, prendendo a alta liderança da Umkhonto we Sizwe, a saber: Walter Sisulu, Govan Mbeki, Raymond Mhlaba, Ahmed Kathrada, Dennis Goldberg e Lionel Bernstein. A polícia encontrou documentos ligados à fabricação de explosivos, o diário de Mandela com notas de sua viagem Africana e cópias de um rascunho do memorando - ’Operação Mayibuye’ - significando “trazer de volta” – que descrevia uma estratégia da luta de guerrilha. Em outubro de 1963 Mandela foi trazido da cadeia para juntar-se a outros oito acusados de sabotagem, conspiração para derrubar o governo através de revolução e ajudar uma invasão armada da África do Sul por tropas estrangeiras. A declaração de Mandela no processo era intitulada “Eu Estou Preparado para Morrer” a qual recebeu publicidade mundial. Em 12 de junho de 1964, todos os acusados foram sentenciados a prisão perpétua. Na noite seguinte Nelson Mandela foi levado para Cape Town, rumo a Prisão de Robben Island, onde permaneceu por 18 anos até abril de 1982, quando foi transferido para a Prisão Pollsmoor, perto de Cape Town. Uma maciça campanha “Liberte Mandela” foi lançada em 1982, na África do Sul e no exterior. Muitos países estrangeiros pressionaram o governo para libertar Nelson Mandela, que naquela altura era o mais famoso prisioneiro político do mundo. Em 2 de fevereiro de 1990, o Presidente De Klerk anunciou a volta do ANC e outros partidos à legalidade durante o seu discurso de abertura do Parlamento. Mandela saiu da prisão em 11 de fevereiro de 1990 e, imediatamente, participou de comícios maciços em Cape Town, Soweto e Durban, os quais reuniram milhares de pessoas. Em 1992, as negociações lideradas por Mandela e De Klerk resultaram na assinatura de um Registro de Entendimento e isso acelerou o processo de negociações. As primeiras eleições democráticas foram realizadas em 27 de abril de 1994 e, em 9 de maio de 1994, Nelson Mandela foi eleito Presidente da República da África do Sul. A sua posse aconteceu no Union Buildings em Pretória e teve o maior comparecimento de líderes internacionais jamais reunidos na África do Sul. No seu discurso de posse, Mandela pediu um “tempo para a cura” e afirmou que seu governo jamais permitiria qualquer discriminação. Mandela prometeu criar uma sociedade na qual todos os sul-africanos pudessem caminhar de cabeça erguida e sem temor. Em novembro de 2009, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 18 de julho o "Dia Internacional de Nelson Mandela" em reconhecimento à contribuição do ex-presidente da África do Sul para a cultura da paz e liberdade no mundo. A Assembleia Geral da ONU reconhece os valores de Nelson Mandela e sua dedicação a serviço da humanidade, nos campos da resolução de conflitos, relações raciais, promoção e proteção dos direitos humanos, reconciliação, igualdade de gênero e direitos das crianças e outros grupos vulneráveis, bem como a elevação dos pobres e comunidades menos privilegiadas. Ela reconhece internacionalmente a sua contribuição na luta pela democracia e na promoção de uma cultura de paz pelo mundo. O Dia de Mandela foi criado para inspirar as pessoas a abraçar os valores da democracia e contribuir para os ideais de uma sociedade justa. As Missões sul-africanas participam das atividades do Dia de Nelson Mandela em Brasília e São Paulo; as Missões se engajarão em um trabalho de caridade pelos necessitados celebrando este dia importante. Nota do Editor: Mphakama Mbete, Embaixador da África do Sul no Brasil.
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