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Brasil
10/07/2013 - 06h00
O `coitadismo´ e a frouxidão moral da sociedade
Maurício Martins Fonseca Reis
 

Nos últimos dias temos sido bombardeados por notícias de crimes brutais, cuja apresentação pela mídia quase sempre é seguida das “imagens captadas por câmeras de segurança”.

A sociedade está em choque e com medo, mas não se pergunta quais as causas de tanta criminalidade.

A resposta, porém, encontra-se numa característica da própria sociedade que agora está acuada e com medo: a inaceitável tolerância dos brasileiros ao ilícito.

Num país em que a própria Presidente chama “crimes” de “malfeitos”, numa tentativa de amenizar os efeitos das condutas tipificadas no Código Penal, a coisa não poderia mesmo ir bem.

E, ao contrário do que se apregoa por aí (especialmente entre a classe política), não são as leis que deixam a desejar, mas, sim, a falta de aplicação correta dos preceitos já existentes.

Por exemplo: na Justiça do Trabalho, o artigo 482 da CLT foi, na prática, revogado pelo Poder Judiciário!

O Tribunal Superior do Trabalho divulga em seu site, com certo (e incompreensível) orgulho, ter revertido a dispensa por justa causa de um trabalhador que depositava os cheques recebidos pela empresa em sua conta pessoal.

O mesmo ocorreu em outro caso recente, no qual um empregado admitiu ter forjado uma despesa de R$ 124,00. A justa causa aplicada pelo empregador foi revertida pelo Poder Judiciário que, além de tudo, condenou a empresa a pagar indenização por danos morais ao “coitado” do trabalhador.

Ou seja, o Poder Judiciário “liberou geral”! A mensagem dos aplicadores da lei para a sociedade não poderia ser mais clara: o Poder Judiciário brasileiro tolera tentativas de desviar dinheiro do empregador.

O mesmo ocorre no Direito Penal, em que todo crime é relativizado.

Quem anda na Vila Olímpia (bairro nobre de São Paulo) tem que se preocupar em desviar as bancas de DVD’s piratas e até mesmo de bancas de jogo do bicho! A polícia passa em frente a tudo isso, mas prevarica, já que não toma qualquer atitude.

Pior ainda: é muito comum ver “engravatados” comprando discos piratas nas bancas.

E estes mesmos “engravatados” voltam para os escritórios, depois do almoço, comentando com seus colegas o quão é grave o problema da criminalidade no Brasil. Só não enxergam que eles alimentam este sistema criminoso, estimulando os bandidos que, mais tarde, irão assaltá-los.

No Brasil todo mundo é coitado, inimputável, até prova em contrário!

Enquanto não mudarmos nossa cultura e entendermos claramente a diferença entre o certo e o errado, a violência não arrefecerá.

Seremos eternamente um país de terceiro mundo, enquanto não pensarmos como pensam os cidadãos do primeiro mundo: o que é errado deve ser punido e quem não pune, estimula o ilícito.


Nota do Editor: Maurício Martins Fonseca Reis é sócio de Rocha e Barcellos Advogados.

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