Não queria poder, ou envelhecer, nem ter o que fazer. Ser sombra de nuvem vagando pela imensidão, sem destino ou preocupação. Queria ser água da fonte, jorrando pelas vertentes. Solta nos rios, límpida e refrescante, brilhando aos raios do sol, sem pretensão de ser importante. Queria ser nada além de nada ser. Não ter grilhões, nem emoções, apenas existir, sem precisar viver. Não ter que respirar, temer ou pensar, nem precisar comer. Não queria ser de verdade. Quiçá cultivar a simplicidade, seguindo por descaminhos, sem sonhos ou vontades. Um viajante errante no ventre da eternidade. Nota do Editor: Antonio Brás Constante (abrasc.blogspot.com) é escritor.
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