Nenê Velloso | |
Esta é a rua da Caixa Econômica Federal, no Centro, e a seta amarela mostra na foto nº 1 um flamboyant antigo plantado no fim da rua e na foto nº 2 mostra o seu tronco e raízes invadindo totalmente a calçada. A copa também já ultrapassou a rede elétrica de alta tensão e seus galhos se encontram entrelaçados na fiação. A seta vermelha mostra ainda na foto nº 1 um exemplar plantado há um ano (mais ou menos) e a sua copa já atingiu a rede elétrica; em breve vai danificar e obstruir a calçada, as redes de água e esgoto, e a estrutura do prédio. Neste caso, o diálogo é o mesmo; o flamboyant antigo perguntando para o recém-plantado: — Quem é você? — Eu sou você amanhã! Está aí, o efeito Orloff. As ruas da cidade estão infestadas de casos como este e ninguém toma providências. Do jeito que vão as coisas, eu considero Ubatuba um caso perdido. A Elektro também é conivente com essa situação, sendo que ela é quem faz as podas quando atingem a rede elétrica; já deveria ter advertido a prefeitura que esta espécie de árvore é inadequada para o local em que foi plantada. Será relaxamento ou incompetência? Esta árvore foi plantada no governo Eduardo Cesar. Espero que o atual prefeito eleito Maurício Moromizato (PT) tome as devidas providências. Substituí-la por um pé de MURTA de único tronco. A foto nº 3 mostra um pé de “murta”, também conhecido por “falso jasmim”; de fragrância inconfundível, produz sombra, não danifica a calçada nem a rede elétrica, crescimento rápido, graciosa (quando bem cuidada), produz frutos suculentos apreciados por todos os pássaros (pequenos, médios e grandes), tem efeito ornamental e uma história para contar: “A lenda da murta”. As mudas para o plantio nas calçadas públicas, a preferência é pelas mudas formadas de um único tronco. Esta frase: “Eu sou você amanhã” é de autoria do diretor de criação, Clóvis Calia. Comercial da vodka Orloff, exibido na TV Globo em 1984. “A lenda da murta” Marcelo Cardoso
Era a estória de um jovem casal muito apaixonado, que já estava prestes a casar e com o enxoval todo pronto, quando estourou uma guerra e o rapaz foi chamado a se alistar para defesa de sua pátria... Ele partiu e a moça ficou... cada dia mais triste e mais saudosa... Sobre a penteadeira do seu quarto, ela colocou um retrato do seu noivo e todos os dias ela ia ao jardim e apanhava flores para enfeitá-lo, mas numa dessas vezes ela não achou nenhuma flor no jardim e, muito triste por isso, começou a chorar... Chegou junto ao pé de murta, que até então ainda não tinha flores, quebrou dois ou três raminhos e os levou para enfeitar o seu porta-retrato... Mas eis que, no caminho, as suas lágrimas foram caindo sobre o buque dos raminhos da murta e, então, pelo poder da saudade, durante a noite, esses raminhos se transformaram em flores e encheram todo o quarto com o seu perfume suave... E ela ficou tão encantada com esse milagre que resolveu plantar no jardim os três raminhos que floresceram pelo poder da saudade e dizem que é por isso que até hoje os pés de murta só florescem de noite e espalham à sua volta o seu perfume de vestido de noiva, ou melhor, o seu perfume característico de materialização da saudade...
Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com.
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