Os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, onde estão situados 70% dos reservatórios de água do país, estão com 49,9% de sua capacidade máxima, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O percentual é considerado baixo, já que estamos no final do período chuvoso e, nessa época, os reservatórios costumam chegar em níveis mais elevados. Em março do ano passado, por exemplo, o nível dos reservatórios dessas regiões estava em 78,5%. Em 2011, era de 83% e, em 2010, 82,9%. A situação no Nordeste também é preocupante. Segundo o ONS, o nível dos reservatórios das hidrelétricas da região está em 42% da capacidade total, enquanto em março do ano passado, estava em 82%. No Sul, os reservatórios estão com 53,1% da capacidade e, no Norte, com 89%. Por causa do baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas registrado nos últimos meses, o governo teve que acionar as usinas termelétricas movidas a gás natural, óleo diesel, carvão ou biomassa, que produzem energia mais cara e são mais poluentes. Atualmente, cerca de 15 mil megawatts de energia térmica estão acionados. A decisão sobre o desligamento das térmicas deve ser tomada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) em abril. Na avaliação do coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, a situação só irá se normalizar com a volta do período chuvoso em novembro, e, até lá, o Brasil terá que usar a sua base de termelétricas em tempo integral. Segundo ele, historicamente o país já viveu períodos de falta de chuva e níveis baixos de reservatórios, mas a diferença é que agora o Brasil tem um conjunto de usinas termelétricas com capacidade de suprir a demanda até o fim do ano. “Possivelmente as termelétricas ficarão ligadas até o fim do ano, a não ser que chova até abril. Se não chover e o nível dos reservatórios cair, vai ter que usar termelétricas, e elas foram feitas justamente para suprir a necessidade de demanda de energia elétrica quando não há água nos reservatórios”, avalia. Pelo menos neste ano, o custo pelo uso das termelétricas não deve chegar aos consumidores: o governo decidiu usar os recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para atenuar os gastos extras das distribuidoras de energia elétrica por causa do despacho de usinas térmicas. A decisão vale até março do ano que vem. Na última terça-feira (19), o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, reconheceu que os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas não estão no nível esperado para o período, mas qualquer decisão sobre a manutenção das térmicas depende do CMSE. "Os reservatórios não estão enchendo na velocidade que gostaríamos", disse. O Programa Mensal de Operação do ONS prevê que, a partir do dia 23 (ontem), até 29 de março, a atuação de uma frente fria semi-estacionária vai ocasionar chuvas significativas nas bacias dos rios Paranaíba (Sudeste/Centro-Oeste), São Francisco (Nordeste) e Tocantins (Norte). Mesmo assim, o órgão mantém a geração de termelétricas. “Tendo por base as condições atuais de atendimento eletroenergético do SIN [Sistema Interligado Nacional], será mantido o atual valor de geração térmica da ordem de 15.200 MWmed [megawatts médios]”, informa o documento do ONS.
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