No best-seller Os Centros Urbanos: a Maior Invenção da Humanidade, o economista norte-americano Edward Glaeser vale-se de dados concretos para demonstrar as inúmeras vantagens das metrópoles adensadas. As ideias do autor corroboram nossa tese sobre novos modelos de ocupação urbana: Glaeser defende que as barreiras à verticalização encarecem os imóveis, reduzindo as chances de as pessoas terem uma vida melhor. Assim, os governos acertariam mais se permitissem o adequado adensamento e oferecessem boa infraestrutura. De acordo com o economista, nas grandes cidades, as pessoas se aprimoram em função da convivência, tornam-se mais criativas e inovadoras, e os mais pobres têm mais oportunidades. A renda de quem vive nas maiores cidades americanas é, em média, 30% maior em relação àquele que mora longe delas. Graças aos investimentos em escolas, hospitais, museus etc. (só justificáveis onde há grande aglomeração humana), os moradores de municípios com mais de um milhão de habitantes são 50% mais produtivos. Outro aspecto importante apontado pelo economista: prédios altos fazem com que o planeta seja menos depredado. Nas casas de subúrbio, que geralmente são grandes, o gasto de energia é muito elevado. E, embora as metrópoles respondam por 70% da poluição mundial, a emissão de gases de efeito estufa per capita de seus habitantes é menor do que nos municípios pequenos ou na zona rural. O Secovi-SP já apresentou propostas concretas para uma nova ocupação urbana, racional, ecológica, responsável. Cidades são feitas por pessoas e para pessoas. E a tendência é que haja concentração cada vez maior de gente nas metrópoles. Sentencia Glaeser: “Construir para cima é uma maneira eficaz de driblar a falta de espaço em nacos pequenos de terra”, e impedir a explosão dos preços dos imóveis. Cabe, pois, um amplo debate com a sociedade para que se defina o que realmente queremos para nós e para as próximas gerações. É preciso discutir as soluções possíveis que possam equalizar a demanda crescente com a qualidade de vida. Saídas existem. A questão é optar por aquelas que melhor atendam a maior parcela da população. Nota do Editor: Claudio Bernardes é presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e reitor da Universidade Secovi.
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