Mais uma temporada se passa (se é que este período ainda existe) e tecnicamente entramos na famosa “baixa temporada”. Há umas três décadas a palavra “temporada” tinha sentido, tinha força, tinha poder. As coisas aconteciam na “temporada”. As férias eram na “temporada”. Ganhava-se dinheiro na “temporada”. Entre turistas e veranistas, muito dinheiro era deixado aqui na “temporada”. O nível dos visitantes era superior na “temporada”. Atualmente o conceito “temporada” foi perdendo suas definições e tirando o réveillon, carnaval e semana santa, quase não se tem aquela sensação de temporada de anos atrás. Alguns feriados ao longo do ano trazem um movimento para a cidade, mas não como antes. Antigamente os visitantes tinham motivos para visitar Ubatuba. A cidade tinha um glamour. Era chique dizer “Vou descer para Ubatuba!”. Até acampar em Ubatuba tinha seu charme. Quantas barracas e trailers enchiam os campings de norte a sul do município. As casas de veraneios viviam cheias de grupos e famílias curtindo suas férias. Existia os verdadeiros caiçaras, moradores nascidos e criados na terra, que acolhiam os visitantes com sua hospitalidade característica. O que será que aconteceu? Ubatuba perdeu sua identidade, seu glamour, seu charme. Tornou-se uma cidade comum, sem atrações, sem apelo. Com uma expansão desordenada, os caiçaras perderam sua voz para os migrantes, as praias perderam sua beleza com a invasão de ambulantes e não existe mais aquela sensação de glamour quando se diz “Vou para Ubatuba!”. Vão dizer “Mas temos lindas praias”. O Brasil tem mais de 8 mil quilômetros de praias, algumas delas com o apelo e glamour que as tornaram disputados destinos turísticos, atraindo turistas de qualidade que não se importam se é alta ou baixa temporada. Perdemos a vez. Deixamos o cavalo passar selado. Ficamos para trás e o que nos sobra são as migalhas disputadas a tapa pelos sobreviventes que se canibalizam uns aos outros para continuarem vivos. Agora começa a “baixa”, mas não tem problema. Até a próxima “alta” tem uma eleição no meio. Ainda bem! Nota do Editor: Emilio Campi é editor do Jornal Maranduba News (www.jornalmaranduba.com.br). A matéria é o editorial da edição de número 36.
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