O sonho da casa própria talvez seja um dos maiores desejos almejados durante décadas pela maioria da população brasileira. Os baixos salários e a falta de crédito tornaram-se empecilhos para a realização dessa vontade familiar. Mas, as mudanças estruturais na economia nacional nos últimos anos trouxeram um novo panorama e tornaram o sonho uma realidade possível. Entre os fatores que contribuíram para essas mudanças estão o lançamento do programa Minha Casa Minha Vida, a expansão do crédito imobiliário e a melhoria da renda da classe trabalhadora. Agora, o desafio é suprir o déficit atual de aproximadamente seis milhões de moradias, e que, segundo projeções de estudos encomendados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), chegará a 22 milhões até 2022 para atender às novas famílias, eliminar a precariedade e reduzir a coabitação. O setor de crédito tem a possibilidade de avançar muito no país, mas será necessário esforço redobrado para novas captações. Hoje, o Brasil investe menos de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no financiamento imobiliário, valor bem inferior a nações como Chile (20%) e Estados Unidos (80%). A escassez de mão-de-obra também deve ser repensada, como forma de garantir padrões de qualidade ao setor. Nesse cenário, as cooperativas habitacionais podem cumprir papel essencial. Elas são constituídas com o propósito principal de viabilizar moradias aos seus associados. Uma vez que não possuem objetivo de lucro, garantem construções com preços justos e abaixo do mercado. Nesse mercado de grande competitividade disputado entre grandes empresas construtoras, a união dos pequenos pode fazer a diferença, principalmente cooperativas que atendam programas de habitação de interesse social. Os municípios podem avançar passos importantes olhando com carinho para esse segmento e desenvolvendo políticas públicas que fomentem cooperativas habitacionais, especialmente àquelas que se dedicam à construção de moradias de interesse social. A Lei Estadual 13.290/2008, por exemplo, oferece redução de 75% nas custas em cartório de registro de imóveis para empresas que se encaixem nesse quesito, garantindo uma boa economia para seus cooperados. Outras boas ideias só tendem a incentivar essas cooperativas. O momento histórico único que vivemos hoje traz a rara oportunidade de transformar a exclusão de milhões de brasileiros em famílias com qualidade de vida, oferecendo um lar, ampliando a segurança e garantindo condições mínimas para que a vida siga construindo novos sonhos e novas possibilidades. Nota do Editor: Débora Paitz é diretora do Ramo Habitacional do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP).
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