Prezado senhor Flávio Amary, as suas considerações são, com exatidão, pertinentes ao nosso momento aqui no Litoral Norte, especialmente em Ubatuba (SP), onde falta um planejamento urbanístico ajustado à nossa realidade, situação geoambiental de valorização da paisagem e sustentabilidade de direitos. Nossa cidade de há muito perdeu suas características mais nobres. Hoje, já não se sabe ser ela uma cidade para veranistas ou para os turistas eventuais. As nossas raízes caiçaras somente são conhecidas por vagas tradições. Nossa arte artesanal, a pesca, está sendo suprimida pela economia globalizada da indústria pesqueira. Nossa cultura e arte arquitetônica (que muito herdou da cultura e arquitetura europeia) têm hoje mínimos exemplares em pé. Nossos administradores não tiveram a visão para ao menos preservar um "centro histórico". Há uma miscelânea de estruturas e fachadas, assim como de finalidades de uso. Muito diferente de cidades brasileiras que se preocuparam em preservar "nichos" de arte e cultura. Observação: veja que nosso mais importante edifício "O Casarão do Porto", onde se instala a FUNDART, está em vias de ruir. Agora, não suportaremos mais um agravo. Refiro-me ao desenfreado processo de verticalização que aqui já vem ocorrendo. A sufocar pessoas, ruas, paisagem. Sacrificando a qualquer custo o que se deseja por "qualidade de vida" à beira-mar. O que momentaneamente aos investidores/construtores pode representar super lucratividade com a valorização do metro quadrado, irá demonstrar, em futuro breve, que conseguiram prostituir uma cidade. Peço desculpas pelo desabafo necessário. Esperamos que o senhor, que ocupa cargo de destacada importância no meio imobiliário, compreenda a necessidade de se rever esse paradigma de eufórica ganância econômica. Georg Mascarenhas Worth (Paulistano, residente já há 22 anos em Ubatuba, cidade que conheci em 1972.) wgeorg@yahoo.com.br
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