Ser poeta é se perder E achar-se, dentro da perdição, Em vagas especulações Dos mais sinceros enigmas De um mundo sedento por respostas provadas. Ser poeta é vagar constante, Constantemente inconstante, Num labirinto erótico, Localizado entre a linguagem e sua sensibilidade. Ser poeta é fugir, de livre e espontânea vontade, Da brutalidade concreta das mentiras do mundo exterior, É escapar para dentro de si e ali exilar-se, Onde há formas superiores de expressão E a força bruta dos dias pode nem existir. É alinhar-se, por querer, com o delírio... Ser poeta é mesmo ter grande quantidade de loucura Nadando no sangue dos pensamentos. Ser poeta é eleger, por gosto e necessidade, A poesia como a dona dos maiores prazeres E, para ela, estar sempre disponível e sempre amável. E, nas madrugadas errantes, ter como corpo mais cobiçado Flexibilidade da caneta bailarina e a suavidade da folha branca. Ser poeta é querer fazer poesia de tudo, Das coisas cotidianas até o que não cabe em palavras. É querer versificar o irreal, o inimaginável, o impossível... E isso, muitas vezes, atrapalha... Mas acima de tudo ser poeta é nunca ser compreendido por quem mais se ama, É achar em si a própria segurança e estímulo pra continuar... Ser poeta é estilo de vida, É casar-se com a arte escrita, casar-se com a poesia, Essa mulher que, como todas as outras, É metade santa e metade maldição, Entre tantas outras metades que toda mulher apresenta. E ser poeta é fazer da mulher amada a fonte de poesia! Nota do Editor: Edgar Izarelli de Oliveira é poeta e escritor. Trabalha como ator e diretor de marketing para a Compania Nóis se Nóis não é Nóis. Mantém o blog Palavras d’Alma (edizarelli.blogspot.com).
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