Luiz Moura | |
Eu pude conhecer a Baía de Ubatuba piscosa, mas de acordo com os mais antigos, ainda “não era nada em comparação com outros tempos, quando não havia traineira arrastando até no quebra-mar!”. Lembro-me bem dos lances de rede dados por Florindo T. Leite, por Aládio e outros. Ainda era fartura, alimentava muita gente. Enfim, parece que o pessoal, desde aquele tempo (do início dos arrastos mecanizados nas nossas baías) já sabia o que diminui a oferta de pescados. Afinal, a rede de malha miúda pesca tudo, inclusive os filhotes. O que tem de ser feito? a) Optar por uma pesca mais artesanal, ou seja, que deixe o peixe procurar a isca; b) Garantir a proteção dos peixes, sobretudo dos que precisam crescer. Eis a minha proposta: fazer da Baía de Ubatuba um espaço de parcéis artificiais para que os frutos do mar se reproduzam e atraiam os peixes para a alimentação e proteção. Quantas carcaças de automóveis vemos abandonadas no município? É certeza que, após um tratamento adequado, num semestre afundadas, as cracas as infestarão e os peixes já estejam em casas novas. E posso propor outras sementes de civilidade para o nosso espaço: por que não criar um charme para a cidade das canoas, com o mar coalhado delas? E por que não desenvolver a canoagem desde os primeiros anos escolares como uma marca coerente com a tradição natural? Nós todos precisamos refletir sobre isso, mas principalmente aqueles que dependem diretamente da atividade pesqueira e precisam ir cada vez mais longe para trazer uns pescados que, há coisa de quarenta anos, eram devolvidos ao mar porque faziam parte da miuçalha.
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