Segundo o IBGE, nos três primeiros trimestres de 2004 o setor da construção civil acumulou alta de 5,9%, a fabricação de máquinas e equipamentos destinados a ele teve expansão de 38% e, de janeiro a novembro, conforme dados do CAGED, gerou cerca de 90 mil empregos formais, o melhor resultado em mais de uma década. Ou seja, cresceram a produção, os investimentos e o emprego na construção civil. A partir desses e de outros indicadores, as projeções são de que o setor tenha encerrado 2004 com uma elevação entre 6,5% e 7% em relação ao ano anterior. Depois de anos de modesta expansão, estagnação ou retração de suas atividades muito colaborou para o bom desempenho da construção civil em 2004 a forte retomada do crédito imobiliário. Na comparação entre 2003 e 2004, números até outubro indicam que o valor do financiamento imobiliário concedido dentro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos cresceu mais de 30%, atingindo cerca de R$ 3 bilhões. Adicionam-se ainda os quase R$ 6 bilhões em financiamento habitacional contratados pela CAIXA ao longo de 2004 e cujos valores seriam ainda maiores se a recuperação da renda e do emprego tivesse sido mais acentuada já no primeiro semestre. Porém, mais importante que os números alcançados em 2004 são as perspectivas da construção civil nos próximos anos. De um lado, estará a continuidade da recuperação da renda e do nível de emprego estimulando a demanda por imóveis e fortalecendo a disposição e a capacidade de endividamento de longo prazo das famílias e dos empresários. Do outro, medidas já tomadas pelo governo federal e a própria expansão da economia farão com que a maior demanda de crédito seja atendida por uma crescente oferta de financiamento imobiliário. Somente a CAIXA dispõe de R$ 10,5 bilhões para o crédito imobiliário em 2005. A esse valor se somam os aproximadamente R$ 12 bilhões que os demais bancos deverão ofertar a partir dos recursos captados via depósitos de poupança. Isso aponta para o maior valor já disponível para o financiamento habitacional em um único ano, superior inclusive aos observados no início da década de 1980, auge do Sistema Financeiro de Habitação. Com o objetivo de garantir a contratação dos recursos e enfrentar a maior concorrência, a CAIXA vem tomando uma série de medidas. Ao longo de 2004 melhorou sua análise de risco, agilizou processos, investiu em tecnologia e criou novos produtos, como o recém criado Programa de Apoio à Produção. Recentemente, visando tornar o crédito imobiliário mais acessível, em especial para a população de baixa renda, a CAIXA reduziu as taxas de juros e alongou os prazos em diversas modalidades de financiamento. Não menos importante, no financiamento de imóvel na planta deixou de cobrar as amortizações do empréstimo no período de construção da obra, com o mutuário arcando apenas com os juros correspondentes. Isso reduz as despesas do mutuário enquanto ele está pagando, simultaneamente, o financiamento imobiliário e o aluguel residencial. Aliás, a aprovação, no ano passado, da regra do patrimônio de afetação tende a estimular a tomada de financiamento para a aquisição de imóvel na planta, pois os mutuários passaram a ter a garantia de que as obras prosseguirão mesmo no caso de falência da construtora. Em suma, as perspectivas promissoras para o mercado imobiliário refletem o ingresso da economia brasileira em um novo ciclo de expansão, mas também os diversos avanços institucionais efetivados e o esforço do governo do Presidente Lula para estimular o setor da construção civil. Assim, o ano de 2005 tende a ser o primeiro de um período dourado para o mercado imobiliário brasileiro. Nota do Editor: Jorge Mattoso é Presidente da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL e professor licenciado do Instituto de Economia da UNICAMP.
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