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Poesias
27/08/2011 - 17h59
Karma findado
Edgar Izarelli de Oliveira
 
(Erros, escolhas certas e esperanças)

Olha só como é deprimente a depressão:
Rasguei, entre sinceras lágrimas,
Tudo o que me lembrava a pessoa amada.
Cartas, número de celular, e-mail, perfis em redes sociais, retratos...

E conservei, como divinas relíquias,
As fotos da pessoa errada.
Seus desenhos, suas idéias, suas palavras...
Só me serviram para aumentar a minha ilusão.

O tempo passou e as memórias me trouxeram o que tentei expurgar de mim,
Aquilo que, na verdade absoluta, nunca rasguei:
O sentimento que as trevas de uma chuva de verão sopraram...

O tempo passou e minhas memórias me deram a certeza da qual nunca duvidei:
De baixo daquela casca fina de arte, magia e perfeição, havia só miragens e desenganos;
E sua imagem partida agora partindo já não significa muito diante da minha vida atual...
Ou, vai ver, nunca tenha sido mais que uma lembrança viva de algum passado sombrio
Que, ainda não devidamente resolvido, voltou para ser relembrado, revivido, repassado.

E, apesar disto, eu reafirmo minha escolha... A mesma daquela noite de tempestade.
A mesma diante da lua minguante de hoje: viver a minha vida presente,
Viver daqui para frente, viver o meu futuro da melhor maneira que eu puder,
Se é que, depois do encontro dos turbilhões do tempo, ainda me sobrou alguma coisa...

Separo, sem chorar, minhas roupas, minhas aventuras, minhas palavras sagradas,
Minhas decisões, minhas pequenas artes, minha alma, minha vida e meu amor sincero...
Vou tentar recomeçar, sem olhar pra trás, mas deixo na estante a caixinha mágica...
E arrebento as correntes desse karma separador, tarde demais, admito...
Mas ainda tenho algumas moedinhas de Lugh pra pagar um táxi.
Me despeço dessa vida passada, fecho a porta e saio sorrindo forte.
Vendo as esquinas onde eu posso ter errado o caminho.

E se o mal não pode mais ser corrigido, desfeito ou esquecido,
Ainda me resta a esperança de, algum dia, ser perdoado,
Aceito como um erro humano, como qualquer um, como qualquer outro.
Erro de quem tinha a felicidade e se encantou com uma aparente perfeição,
Mas, no último instante, pode reavaliar tudo e fazer o certo...

E, quem sabe, um dia poder me entregar de corpo e alma,
Novamente, à pessoa que amo e ser aceito como sua metade.


Nota do Editor: Edgar Izarelli de Oliveira é poeta e escritor. Trabalha como ator e diretor de marketing para a Compania Nóis se Nóis não é Nóis. Mantém o blog Palavras d’Alma (edizarelli.blogspot.com).

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