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Arte e Cultura
23/08/2011 - 13h06
Música: diferenças sim, segregação não!
Sérgio Lorran Figueiredo
 

Nas últimas semanas temos visto a classe musical brasileira dividida, após a decisão do STF, sobre a não obrigatoriedade de filiação à Ordem dos Músicos do Brasil. Uns são a favor de seu fim, argumentando que sua história de representatividade musical é nula, que a entidade não trabalhou como deveria, em favor dos músicos. A ela são atribuídas denúncias de corrupção e práticas nada ortodoxas por parte de seus dirigentes e grupos resolutos, que a história mostra, estão há décadas na direção da entidade, sem renovação das cadeiras e nem das políticas adequadas à representação contundentemente do músico.

Em outra ponta dessa corda estão aqueles que, apesar de reconhecer o desmantelo existente no órgão, acreditam no formato “Ordem”, e têm o entendimento de que a desregulamentação da profissão é um total retrocesso em se tratando de conquistas de direitos trabalhistas e entidades de classe. Acreditam, ainda, que a OMB como instituição, não deveria morrer, e sim ser revitalizada e moralizada, a começar pela reformulação na lei 3.857/60, que regulamenta a profissão de músico e que hoje se encontra caduca, e não representa na integridade os anseios da classe. Acreditam que a referida lei como está hoje, garante aos maus dirigentes recursos legais para permanecer à frente da instituição com mãos de ferro. Ilegal? Não! Imoral? Com certeza! E dentro da suposta “legalidade”, lá se vão anéis e dedos - patrimônio suado dos músicos.

Esse mesmo grupo acredita que são mecanismos de solução: a destituição de toda a diretoria e conselho a frente da instituição; fim da condição de músico prático (que é visto por muitos como apenas forma de se fazer caixa, uma vez que ele paga para pertencer à entidade, porém o mais importante: não tem direito a voto e escolha dos representantes na OMB), e imediatas eleições com possibilidade de votação para toda a classe musical, sem distinção de músico prático ou profissional - o segundo poderia votar estando em dia com a anuidade.

Apenas a nível de esclarecer essa questão de “formato”, a classe fica ainda mais pulverizada em ideologia de representatividade quando o assunto vem a baila. Parte dos músicos acredita que o formato adequado é o de “Sindicato de Músicos”, parte acredita em “Associação de Músicos”. Tem aqueles que simpatizam com o formato “Cooperativa de Músicos” e, há aqueles que vêem no formato “Ordem dos Músicos” a solução, a exemplo do sucesso da OAB - Ordem dos Advogados do Brasil, entidade octagenária, estruturada e respeitada nacional e internacionalmente.

O assunto é tão polêmico e delicado que muitos têm receio de expor sua opinião sobre qual formato de representação apóia e acredita, pois se instalou no cenário um tipo de segregação separatista entre aqueles que declaram sua escolha. Em sua forma mais extrema, vêm acontecendo difamações que são dirigidas a todos que têm um entendimento de que o formato “Ordem” ainda é a melhor opção de representação. Porém, apesar de muito se ouvir sobre interesses escusos atribuídos a um ou a outro grupo, nada disso se sustenta, sendo apenas argumentação vazia, e não verdade.

Polêmicas a parte, o fato é que estão todos no mesmo barco e esse comportamento só reforça o que sempre se ouviu: O músico é desunido, virando campo fértil para se plantar interesses completamente alheios à classe. E aí entra uma pergunta que não quer, não pode e não vai calar: A quem interessa essa desunião e essa desregulamentação da profissão?

Aqui poderíamos discorrer várias vertentes de interesses, mas como no Brasil o sensacionalismo é iminente e os grandes acontecimentos são a mola mestra que move bilhões de dólares, enchendo os bolsos da classe dominante, seja ela em qualquer círculo de interesses, podemos apenas, para não nos estendermos mais, lembrar que bate às portas da “caixa forte do Tio Patinhas brasileiro”, uma tsunami de dinheiro, cujo epicentro, chama-se Copa do Mundo de 2014.

Nesse contexto, com uma vara bem curtinha, esse modesto jornalista que vos fala, irá cutucar uma enorme onça brava. Assistam: sem regulamentação e sem órgão de proteção que fiscalize a exploração de serviços musicais, uma vez que esses serviços atenderão a um enorme contingente de turistas e pessoal de mídia, que adentrará o país, se instalará a informalidade na profissão, contratos abusivos e assim, ficará o músico à mercê de aventureiros “irmãos metralha” e toda a sorte de exploração de mão de obra a preços vergonhosos e lucros altíssimos. Altíssimos não! Super altíssimos! Não, hiper altíssimos! Que nada! Mega altos, giga altos! Estratosféricos! E o salário do músico? Ó, o tamanico.

Enquanto isso... na cidade de Patópolis... Huguinho, Zezinho e Luizinho tocam um violãozinho, cantam...


Nota do Editor: Sérgio Lorran Figueiredo é músico - cantor, compositor, arranjador e instrumentista. Membro Fundador do Movimento de Revitalização da Música de Brasília e servidor público da Controladoria-Geral da União.

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