Especialista em carreiras explica como devem ser as relações amorosas que acontecem no ambiente de trabalho
Trabalhar próximo, partilhar dos mesmos interesses, acompanhar com alguém a evolução diária de uma atividade, podem ser fatores que favorecem o início de um romance. O ambiente de trabalho é um local onde pessoas costumam passar a maior parte do tempo juntas e, levando isso em conta, fica fácil entender porque muitos romances têm início nessa atmosfera. O contato entre homens e mulheres no trabalho é constante e intenso; as situações vividas diariamente acabam destacando qualidades e defeitos das pessoas, uma vez que em uma jornada de trabalho é preciso saber lidar com diversas situações que dirigem a atenção para um lado pouco conhecido no ambiente de trabalho, o das relações pessoais. Um fato inegável é que as ocorrências de namoro no trabalho são inevitáveis, e que independem dos regulamentos das empresas – não se pode proibir que uma pessoa se apaixone por outra ao conviverem juntos e com intensidade. Por isso, o que deve ser levado em conta e observado com cautela é qual a postura que funcionários apaixonados podem e devem ter no dia-a-dia. Piscadas de olhos, conversas em voz baixa, contatos físicos, expressões faciais que expressam amor, raiva, ciúmes, paixão, excitação, tristeza, devem ser sempre evitadas no ambiente de trabalho, para não causarem constrangimentos, desavenças com outros colegas e superiores e para não gerarem riscos para as carreiras de ambos os envolvidos. “Algumas empresas não se opõem ao relacionamento entre funcionários, mas é inevitável o desconforto com a situação quando o assunto é promoção, concessão de benefícios, desenvolvimento profissional ou mesmo mudanças nas áreas de atuação dos envolvidos, por exemplo”, afirma Luiz Carlos Carvalho, vice-presidente do Instituto Gutemberg. Ele alerta ainda que os riscos devem ser avaliados pelos próprios funcionários envolvidos, pois casos de relacionamentos internos podem gerar a diminuição nas chances de evolução da carreira. No caso de namoros entre um(a) chefe e um(a) subordinado(a), os riscos são ainda maiores, pois qualquer benefício concedido pode ser percebido pelos demais como um privilégio e vantagem decorrente da relação íntima entre as partes envolvidas. É recomendável que, antes do relacionamento se tornar público, os envolvidos verifiquem com cuidado qual a posição da empresa diante desta questão, pois algumas não toleram esse tipo de envolvimento dentro do ambiente corporativo. A sua constatação pode implicar em advertência e até mesmo em demissão. Dependendo das características, contatos ou conversas mais íntimas podem até mesmo gerar demissões por justa causa. “O namoro entre funcionários é sempre complicado, tanto para empresa quanto para o colaborador, e ambos devem estar sempre cientes das consequências que um envolvimento amoroso pode gerar”, argumenta Luiz Carlos. O especialista ainda complementa: “Do ponto de vista da empresa, caso não aceite o relacionamento, pode perder um importante colaborador - caso ele opte pelo relacionamento ao invés da carreira. Já pelo lado do funcionário, ele pode perder oportunidades de evolução na hierarquia. Além disso, ambos podem perder devido a influências críticas sobre as equipes de trabalho, gerando um clima inconveniente para a empresa e para os empregados”. Seja discreto(a) Mesmo que a empresa não seja contra relacionamentos amorosos no trabalho, é importante ser o mais discreto possível e proteger a vida pessoal, a intimidade da exposição desnecessária. O relacionamento não deve ser foco das pautas das “candinhas corporativas”, ou da “rádio-peão”. As relações podem ser até mesmo usadas por outras pessoas próximas para afetar a competitividade profissional dos envolvidos, e todos sabemos que a concorrência no mundo corporativo pode instigar este tipo de ação. Saiba separar as coisas Durante a jornada de trabalho, deve-se separar totalmente o namoro do lado profissional, pois possíveis contratempos em relação às atividades podem ser associadas ao relacionamento. “Brigas e discussões do casal devem sempre - sempre! - ser deixadas fora da empresa, para não darem margens a conclusões errôneas e não serem usadas contra ele por outras pessoas”, argumenta Luiz Carlos. Problemas pessoais sempre devem ficar fora do ambiente corporativo. Diferentes hierarquias Quando um dos envolvidos é o chefe, o cuidado deve ser redobrado na hora da bronca, das avaliações de desempenho ou da promoção. Sendo subordinado, é imprescindível não deixar de ser profissional e se conformar com o fato de estar se relacionando com o chefe. “Em alguns casos, o funcionário deixa de executar as tarefas nos prazos, achando que pode ser tratado de modo diferente por ser namorado(a) do chefe. Este tipo de deslize é fatal para a carreira de ambos e deve ser evitado a qualquer custo”. Quando é proibido Muitas empresas não permitem relacionamentos amorosos entre seus funcionários. Se este for o seu caso, seja honesto e abra o jogo com o chefe. Encontrar o amor de sua vida pode ter um preço, e deve-se considerar a possibilidade de um dos dois pedir demissão, transferindo sua trajetória profissional para outra empresa sem marcas negativas. Assim, poderão viver a vida a dois com liberdade e com orgulho de terem feito algo louvável, sob o ponto de vista de respeito à companhia – e ao mesmo tempo de terem se protegido de conseqüências que poderiam marcá-los na carreira. Quando é permitido Se sua empresa permite o namoro entre colegas e este for o seu caso, mesmo assim proteja a sua relação e a vida íntima de exposições desnecessárias e tome alguns cuidados: · Se os namorados são de setores diferentes, devem se policiar para não trocarem informações relevantes sobre seus departamentos; · Não usem nunca o e-mail corporativo para trocar mensagens privadas. As empresas têm o direito ao acesso a todo o conteúdo dos e-mails de seus funcionários, e isso pode ser prejudicial. · Carícias em público, nem pensar! Qualquer demonstração de afeto e intimidade no ambiente de trabalho será causa de constrangimentos e poderá afetar as relações entre colegas.
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