Paro! Olho ao redor, minha escolta acabou! A mentira me derrotou? Custo a crer... A sinceridade já não vale mais nada. A confiança foi energia desperdiçada. O fim numa rota de escape dissimulada! O fim! E minhas mãos amarradas Minha boca calada a força! Minha vidraça transparente despedaçada Por mãos amigas, o beijo da maldição me tocou? Custo a crer... Paro! Rebobino os acontecimentos. Passo de novo em câmera lenta, Câmera acelerada, câmera invertida, câmera de segurança, Câmera de visão noturna, câmera térmica, câmera fotográfica... O fim do filme... Procurei alguma coisa que não vi. Algum ponto escondido, alguma cena errada, algum detalhe Que me explicasse o sentido disso tudo! O filme acaba mais uma vez... Resta a agonia da confirmação: a mentira me derrotou! A mentira quebrou mais um elo de cobre! A mentira veio. A mentira foi dita. Dita e ouvida e aceita sem a menor das contestações... Sinceridade estuprada! Confiança assassinada! Amizade corrompida! Hora da partida, despedida sem palavra ou gesto de conforto! Custo a crer... Mas solidão a mais me acompanha, sigo! Creio na amizade, Em algum lugar te encontro novamente, minha nobre companhia! Custo a crer na morte de coisa mais bonita! Talvez seja só um casulo de metamorfose ou momento de invenção, Inovação! Criação! Mosaificação de um quebra-cabeça... Transformação! Custo a crer que não há mais amigo como os de minha infância! Custo a crer que minha fé não será recompensada... Mas ainda tenho minhas musas, amigas, minhas mãos amantes! Mesmo assim custo a escrever esses versos. Nota do Editor: Edgar Izarelli de Oliveira é poeta e escritor. Trabalha como ator e diretor de marketing para a Compania Nóis se Nóis não é Nóis. Mantém o blog Palavras d’Alma (edizarelli.blogspot.com).
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