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Comportamento
21/05/2011 - 13h06
Que bicho te mordeu?
Montserrat Martins - EcoDebate
 

É curioso o uso dos nomes de animais no imaginário popular, como forma de apelido com as mais diversas conotações, que vão por exemplo do “ursinho” carinhoso até o “burro” ofensivo. No humor popular mais grosseiro, tipo “pastelão”, dizem que os casamentos vão do momento em que o marido chama a mulher de “gata” até a primeira vez que a chama de “vaca” ou que a mulher que chamava o marido de “meu tigrão” passa a chamá-lo de “seu porco”.

Se formos parar para pensar, não há limites no uso de nomes de animais como adjetivos, sempre nos mais variados sentidos, há quem use como carinhoso “abelhinha” e como pejorativo “gralha”. Num hospital de Porto Alegre, por exemplo, onde os médicos não gostavam do sistema de som que distorcia a voz de quem dava os avisos, virou gíria dizer “estão te gralhando” para avisar que um colega estava sendo chamado.

Os exemplos são infinitos e sempre com as conotações mais diversas, os adjetivos de “galo” e de “galinha”, por exemplo, servem aos propósitos machistas de contar vantagens e desqualificar, respectivamente, assim como “cadela”; em contrapartida, as mulheres chamam os homens de “cachorros”. Pelo menos no caso dos cães, é paradoxal que seus nomes sejam usados no sentido de infidelidade, porque sabidamente são extremamente fiéis aos seus ‘donos’ humanos.

Usar animais como adjetivos é popular pelo mesmo motivo que é “primitivo”, cientificamente diríamos que é “atávico” no sentido de “herança psíquica de antecedentes remotos”, quer dizer, vem do tempo em que vivíamos bem mais próximos dos outros animais e estes influenciavam nossa própria sobrevivência.

Nada disso, no entanto, justifica o uso racista ou homofóbico que as torcidas de futebol adotaram até nos seus “hinos de guerra” dentro dos estádios, como aconteceu no último Gre-Nal onde a torcida gremista chamou Zé Roberto de “macaco” e os colorados no twitter difundiram que “um bando de macacos acabou com os veados dentro de um chiqueiro”. Independente de preferências clubísticas, não há como não reconhecer que tem razão o diretor de futebol Roberto Siegmann ao apresentar à Federação Gaúcha de Futebol um pedido de providências contra a discriminação a Zé Roberto e os hinos de torcida ofensivos. Caberia também a Odone e seus colegas de direção coibirem isso, assim como representar contra os que ofenderem publicamente os de sua agremiação.

Se o futebol tem servido para dar vazão, até hoje, as formas de agressão como modo de “diversão popular’, está na hora de nos divertirmos de outro modo. Historicamente sabemos que já foi pior, no império romano por exemplo cristãos eram colocados a lutar como leões como espetáculo e o próprio futebol é um modo mais “civilizado” de batalha entre grupos. Não basta, no entanto, nos lembrarmos de que já foi pior um dia, se não criarmos modos de nos relacionar com mais respeito ao próximo. O uso de animais como simbologia fica melhor nas fábulas de Esopo e em suas lições morais.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é psiquiatra.

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