Uma das professoras das faculdades FAEL vem chamando a atenção para um risco bastante comum diante da violência que a assola a sociedade atual. Ela trata da necessidade de reação. Segundo a especialista Vivian Bastos, é preciso conversar sobre a violência em casa, nas escolas e em qualquer outro espaço. Tudo para não agir como se fosse normal. Em abril, em Curitiba, um ato desesperado de pais que perderam o filho de 17 anos, assassinado em outubro de 2010, chamou a atenção. Eles colocaram um outdoor reacionário, no início da avenida Mariano Torres, uma via bastante movimentada da capital paranaense. A intenção foi não se conformar diante da violência gratuita que, há pouco mais de seis meses, vitimou o adolescente. Esse é um exemplo do que Vivian classifica como negação à insanidade moral. De acordo com a professora, outro fato que leva a pensar nisso é a tragédia ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. “Diante desses exemplos de violência, nós, professores, pais e, principalmente, cidadãos brasileiros, refletimos sobre alguns pontos importantes, na tentativa de compreender o momento social em que nos encontramos”, afirma. Para a profissional, face à violência que invade as vidas, as casas, o ambiente de trabalho, as escolas, as famílias e as sociedades, é preciso temer pela chamada “insanidade moral”. Mas afinal, do que trata o conceito? “Citado pelo psicólogo bielo-russo Vigotski, refere-se à situação de normalidade, de descaso com o sofrimento, de impunidade e de conformismo diante das tragédias”, explica. Ainda segundo Vivian, é extremamente perigoso quando a sociedade acostuma-se com a tragédia e esta passa a ser rotineira. “Diferente dos terremotos, tsunamis, enchentes, essas tragédias do dia-a-dia deixam marcas invisíveis em todos os brasileiros, em especial, nas crianças. Aquelas que presenciaram a tragédia e todas as outras que, amedrontadas, querem uma explicação para o fato; sentem-se ameaçadas”, afirma. Apesar dos sentimentos de solidariedade e de sofrimento coletivo, é preciso que haja o desejo da negação da “insanidade moral” que tenta levar à alienação. “Não negaremos esta tragédia e, a partir dela e dos sentimentos despertados, saberemos discutir com nossos alunos, com nossos colegas professores, com os pais e com a sociedade, quais são os caminhos para a não-violência. Nossas crianças precisam ser trabalhadas em seus sentimentos a respeito disso, por pais e professores. É preciso que tenham oportunidade de externar seus medos, suas dúvidas”, conclui.
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