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COLUNISTA
Carlos Rizzo
23/12/2004 - 12h00
Uma casa no campo
 
 
 
Giulio Brunhara Rizzo 
  Feia volta de seu passeio matinal.

Nunca me esqueci da música cantada por Elis Regina e apesar de morar em Ubatuba não gosto de praia, prefiro o mato. Sempre procurei morar perto ou no mato. Quando projetei e construí a minha casa separei com carinho um espaço para ser o meu escritório. Apesar de pequeno, consegui acomodar todos os meus livros e quase toda a papelada que tenho mania de juntar. É um cantinho agradável, para mim, ali passo muitas horas dos meus dias. Casa no mato tem lá seus percalços, entre eles alguns animais indesejáveis. Para mantê-los afastados aceitamos o conselho de um amigo e arranjamos um gato. Bolinha foi o primeiro animal de estimação da casa. Meu amigo garantiu que só o miado dos gatos espantava os ratos. É o que o bolinha faz, vem, mia, toma o seu leite, dorme o dia inteiro e volta para a farra, durante a madrugada, é claro. Com filho pequeno é normal você começar a juntar alguns animais de estimação. Depois foi uma cadela vira-lata, deu cria no meio das máquinas da marcenaria, quando descobri não tinha nem jeito de entrar lá, tamanha a quantidade de pulgas e o mau cheiro das perebas. A cachorra estava tão magra que quando andava as tetas dela batiam parecendo palmas; estava tão emperebada que o andar dela parecia sobre um piso quente. A bicha era muito feia e foi esse o nome que ficou, Feia. Mesmo agora que ela está muito bem tratada e muito bonita. Mudou-se da marcenaria para o meu escritório e muitas vezes, ao entrar, tenho que pedir licença para a Feia. Depois veio a Teca, outra vira-lata que se apegou de tal maneira à Feia que elas dormem grudadas o tempo todo, no escritório, é claro. Um dia as cachorras apareceram mascando um chiclete diferente. Era uma gatinha que jogaram no quintal, num primeiro momento achei que ela não ia sobreviver. Sobreviveu e aprendeu a dormir sobre o monitor do computador. Quando estou ao computador, Nana fica acompanhando com aquele olhar sonolento, típico dos gatos. Meu filho resolveu criar galinhas e para variar no meio delas teve um franguinho que levou uma surra do galo maior, quase morreu não fosse os nossos cuidados, resultado: hoje, Nicodemus, um galo respeitável, vive trazendo as galinhas para botarem os ovos atrás da impressora. No departamento das penosas havia também o Bradislau que quando pequeno foi dividir a comida com o Bolinha, levou uma navalhada do gato. Quase morreu também, cresceu um galo bonito que quando canta parece estar dizendo: ô seu carlooosss! Ia me esquecendo da Vilfrida, uma galinha preta e a predileta do Nicodemus. Além de botar os ovos atrás da impressora, resolveu choca-los ali também. O Bradislau vive enciumado e se empoleira na janela do escritório reclamando providencias: ô seu carlooosss! O que provoca a ira de Nicodemus que sai detrás da impressora para garantir o seu território. Ao sair ele passa por cima do teclado e aaaaaallllllgggggguuuuummmmaaaaaassssss palavras saem estranhas nos meus textos. O pessoal da firma onde trabalho não entende como eu consigo pensar quando o mundo está desabando com o chefe pedindo urgência em tudo. Mas eu consigo.

Talvez seja porque eu moro no meio do mato, tenho o meu escritório com meus livros para relaxar, ou ainda, pelo agradável hábito de oferecer alimentos aos inúmeros pássaros que habitam ao redor da minha casa. Aconselho a todos o mesmo hábito, é muito saudável.

Opps! Agora tenho que parar de escrever. Saw hermit (um beija-flor rajado que a gente cuidou quando caiu do ninho depois de uma ventania) acaba de entrar pela janela do escritório e não para de cantar, entre eu e o monitor, avisando que a água dos bebedouros acabou. Seledônia (uma saíra que salvamos da boca do Bolinha, o gato) já estava na janela avisando que eu esqueci de colocar as frutas no comedor. Depois eu volto.


Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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