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Declararam “imune de corte” uma falsa-seringueira (Ficus elastica) na avenida Milton de Holanda Maia, defronte a um shopping, no Itaguá. Não sei de argumentos convincentes para tal ato administrativo. Talvez seja porque sirva como ponto de referência para algum negócio que vive às custas do dinheiro público ou, quem sabe, para que o Poder Executivo se redima da estupidez cometida contra uma das amendoeiras que desde o início do século XX emolduravam o Cruzeiro. Símbolo máximo do município, estampado em nosso brasão e em nossa bandeira. Aquela amendoeira não era tombada e nem sequer “imune de corte”, mas tinha todos os predicados de um patrimônio histórico, cultural e religioso. Foi simplesmente arrancada porque estaria atrapalhando “obras de uma feira” - hippie!!! - que só enfeia o berço histórico da cidade. Aquela amendoeira, poderíamos até dizer, tinha em si valores agregados, era também um patrimônio imaterial. Sob ela, nas tardes de domingo, casais namoraram, amigos se encontraram para uma boa conversa, ou se abrigaram do sol para ver a prova natatória ou a procissão de São Pedro. E essa falsa-seringueira? Embora bela que argumentos houve para tombá-la, digo, declará-la “imune de corte”? Observaram o que dispõe a Lei Municipal nº 2184, de 12 de abril de 2002, que criou o CONDEPHATA - Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico, Arqueológico, Turístico e Ambiental de Ubatuba? Que tipo de patrimônio é essa falsa-seringueira? Histórico? Cultural? Suas raízes, em breve estarão comprometendo os encanamentos subterrâneos, a pavimentação, o passeio público, as estruturas das edificações em derredor - quem indenizará os particulares prejudicados? Quem declara “imune de corte” cuida? Como cuidaram da amendoeira do Cruzeiro?... Ações desse tipo não passam de reflexo de uma gestão cheia de contradições, sem diretrizes sérias para políticas públicas, a não ser o cesarismo, o personalismo, o oportunismo, o casuísmo, o clientelismo - velhos frutos de uma velha árvore que já deveria estar extinta. Não é à toa que o Plano Diretor Participativo seja simplesmente ignorado.
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