Adriana Coutinho / Fundacc      Carelli e sua obra sendo colocada no Teatro Municipal.

Três artistas da cidade estarão com suas obras fazendo parte do acervo do Espaço Educacional e Cultural Mario Covas, que abriga o Teatro Municipal, e será inaugurado no dia 15 de dezembro, em Caraguatatuba (SP).

Cada um com sua técnica, apresentará uma obra que estará exposta no hall do teatro, e também na fachada do prédio.

De Antonio Carelli, é um painel em cerâmica de 7 m² com a temática pássaros, relacionada com a região e com o local em que o artista vive há 18 anos, cercado pela Mata Atlântica, desde que chegou à Caraguatatuba.

Já Ben-Hur Vernizzi apresentará uma obra em cerâmica representando a família caiçara, com 2,70m x 1,50m, modelada a mão em uma só peça, e queimada por 45 horas em forno à lenha. Juliano Junqueira, artesão, apresenta quatro máscaras da comédia e da tragédia, símbolos do teatro trabalhadas em cobre, cada uma no tamanho de 3m x 2,5m.

 "Essas obras colocadas no Teatro Municipal, tiveram como importância maior a de valorizar os artistas locais, e dotar a cidade com obras que façam a leitura artística de nossa realidade. Dessa maneira estamos disponibilizando à população, acesso aos bens culturais, e esse espaço majestoso que está ficando o teatro é o local ideal para darmos início à um projeto que pretendemos implantar futuramente, que é o de colocar obras escultóricas nas praças públicas da cidade, valorizando cada vez mais nossos artistas locais" - comenta Eloiza Antunes, presidente da Fundacc.

Antonio Carelli, pintor por formação, estudou na Europa, onde conheceu o mosaico; desenvolveu trabalhos na França, e em São Paulo com obras em concreto, mosaico, e relevo. Em 1986 veio para Caraguatatuba e passou a desenvolver junto com a artista Sandra Mendes, sua esposa, o projeto Arte Litoral Norte, que teve início com uma exposição de pinturas, com apoio de Agostinho Fontes, da Olivetti, e posteriormente das Casas Pernambucanas. Ao longo dos anos, envolveu também ceramistas de renome como Mieko Ukeseki, Cidrae, Jardineiro, Kimiko, e Mário Ukeseki, de Cunha (SP), e também Chaer e Nakatani de Mogi das Cruzes (SP); e Dora Algodoal e Megumi de São Paulo, capital.

Então, a cerâmica passou a ter uma força muito grande em seus projetos, assim, montou um curso de cerâmica em parceria com a Fundacc, no início da gestão de Pedro Norberto, presidente da instituição. Um de seus alunos foi o ceramista Ben-Hur Vernizzi, que já trabalhava na área e muito se destacou no curso, e que hoje ao seu lado, expõe sua obra, também no Teatro Municipal.

Ao lado de outro grande artista, Antonio Cordeiro, já falecido, Carelli tem uma obra na Câmara Municipal de Caraguatatuba, o primeiro na região, um painel de 9m².

Carelli também foi um dos artistas responsáveis pelo projeto Monumento a Santo Antonio, cuja obra vencedora da ceramista Mieko Ukeseki encontra-se em exposição no MACC - Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba. Suas obras já foram vistas não só no Litoral Norte, mas também na França e em São Paulo, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outros locais. "Não é só o conhecimento que tem o poder de transformar, a arte também" - comenta Carelli.

Ben-Hur Vernizzi, é natural da capital de São Paulo, mas desde 1985, vive e trabalha em Caraguatatuba. Seu trabalho em escultura cerâmica, reflete a natureza, o mar e seus seres e também a Mata Atlântica, o que não é difícil, já que vive em uma área remanescente de Mata Atlântica à beira-mar, que preserva pela sua importância, na foz do rio Juqueriquerê, coberta com mata natural e manguezal.

Seu primeiro contato com a argila foi em 1975, época em que viveu no Amazonas e Pará, mas somente após a orientação da ceramista Mieko Ukeseki e do artista plástico Antonio Carelli, resolveu dedicar-se integralmente à cerâmica artística.

Ben-Hur retira a argila de um sítio em sua forma natural, usa esmaltes e engobes aleatoriamente, e a queima das peças em baixa temperatura em um forno à lenha do tipo Noborigama. Atualmente, em parceria com A Fundacc - realiza o projeto TerrAmar, um projeto sócio cultural aberto à comunidade; um núcleo de aprendizagem, trabalho, acompanhamento e exposição da cerâmica artística, voltado para produção de um artesanato regional e como opção de trabalho e fonte de renda.

 "Trabalhando à beira-mar, o que faço é resultado de puro fascínio e respeito por ele, mas também de preocupação com a atitude humana. Gostaria sempre ao apresentar o meu trabalho, que ele seja visto mais do que apenas como objetos de decoração. A minha tentativa de falar sobre o valor da natureza viva é realmente mais importante" comenta Vernizzi.

Juliano Junqueira, artesão natural de Caraguatatuba, vem ao longo de sua trajetória conquistando espaço no cenário caiçara. Com suas obras tridimensionais em sucata e material reciclável, sempre traduzindo personagens como pescadores, índios, seres marinhos como sereias, entre outros, destacam-se e estão sendo premiados nos salões e concursos de arte como o Mapa Cultural Paulista. Algumas de suas obras também fazem parte do acervo do MACC - Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba.

Junqueira também é quem assina os troféus do FET - Festival Estudantil de Teatro, realizado pela Fundacc desde a sua primeira edição, assim como troféus de outros eventos realizados na cidade, como Prêmio Máxima 2003, Professor Nota 10 da Secretaria Municipal da Educação.Também faz parte da Comissão Setorial Municipal de Artesanato da Fundacc e da Femaac - Feira de Arte e Artesanato de Caraguatatuba, onde, além de suas obras tridimensionais, trabalha com pedras incrustadas em objetos inusitados como talheres, resultando em bijuterias exóticas, colares, pulseiras e braceletes, que já estiveram expostos no MACC - Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba. "Quando produzo minhas obras, traduzo minha vivência artística. Sendo assim, ao fazer arte, o artista não pensa, o artista sente, e assim é capaz de falar do seu tempo" comenta Junqueira.