Qual homem no trânsito nunca soltou a frase: “só podia ser mulher dirigindo!”? Quem jamais criticou a crença e religiosidade de um conhecido? Ou, ainda, não falou com ironia da forma de agir feminina do filho de um amigo? Essas e outras ações, por mais que pareçam inocentes e comuns, são exemplos claros da intolerância humana com as diferenças. Segundo a médica e psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho, a falta de tolerância com algo que não acreditamos, ou que não se assemelha com nossos conceitos e hábitos, na maioria das vezes gera desrespeito, violência e ações preconceituosas. “Em conseqüência da intolerância, indivíduos e comunidades inteiras são atacados e alvos de violência simplesmente devido à sua origem étnica, religião, nacionalidade ou outra diversidade”, fala a psicanalista. Prova disso são os registros do lado triste da história da humanidade, onde estão descritas as grandes guerras e batalhas que dizimaram centenas de pessoas devido à ignorância humana. Entre elas, Apartheid na África do Sul, Nazismo na Alemanha e Guerra entre árabes e israelenses. Para alertar a população mundial para o respeito às diferenças, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional da Tolerância, comemorado em 16 de novembro. A data tem o objetivo de estabelecer a tolerância e o respeito pela riqueza e diversidade das culturas de outros povos. Além disso, é um incentivo à convivência pacífica entre os indivíduos. Para Soraya, a tolerância é muito mais do que a coexistência das diferenças. É uma atitude ativa e positiva, inspirada pelo reconhecimento e respeito aos direitos e liberdades dos outros. “A condição humana caracterizou-se sempre pela diversidade. O medo, sentimento de ameaça e o desejo de ser melhor e único impedem as pessoas de aceitarem os outros como são”, explica. Ninguém assume hoje seus preconceitos com aquilo que não tem semelhança com seus conceitos, crenças e valores. Soraya acredita que isso se deve às leis mais severas que garantem punição a certo tipo de desrespeito ao outro. “A intolerância com a diferença alheia ainda existe. Ela é velada e, na maioria das vezes, surge em comentários e frases, aparentemente inocentes, ditos no cotidiano”, afirma. A melhor forma para combater a intolerância, segundo a médica é a informação e o conhecimento do que é diferente de si. “Só por meio deste processo de descoberta podemos compreender que o que nos une como ser humano é muito mais forte do que aquilo que nos separa”, finaliza Soraya.
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