Situação tensa pode provocar dores de cabeça constantes, ansiedade, síndrome do pânico, insônia, impaciência e depressão
Veranice de Cássia Guissoni trabalhou por dez anos numa grande empresa de Uberlândia. Formou-se em Secretariado Executivo porque queria crescer. Era uma funcionária exemplar, porém ao chegar ao trabalho foi chamada ao departamento de RH. Pensou que poderiam estar precisando de alguma documentação, ou que receberia uma promoção ou quem sabe um aumento. Mas, em vez disso, foi lhe dito sem rodeios que a empresa não precisaria mais de seus serviços. "Nunca imaginei que seria demitida. Foi como se o mundo tivesse caído sobre minha cabeça. Pensei que não tinha mais nada para fazer aqui e até em voltar para minha cidade natal, Itumbiara", contou Veranice. O engenheiro de Produção, Romeu Rezende, de 28 anos passou por uma experiência similar. Foi demitido depois de trabalhar por dez anos numa indústria de médio porte na cidade. Romeu procurou emprego por um ano. "Estava recém-casado. Sustentar a mim e a minha esposa era uma questão de honra. De repente, senti que tinha perdido o chão", disse. Todos os dias milhares de pessoas, no mundo inteiro, enfrentam essa mesma situação. A perda de um emprego causa outros danos, além do financeiro. "Eu gostava do meu trabalho. Fiquei mal por muito tempo. Chorava muito, perdi o apetite, o sono e fiquei com auto-estima baixa. Foi uma experiência que me marcou muito", acrescentou Veranice. Para o engenheiro o que mais o incomodou foi à ansiedade. "Era estranho levantar cedo sem ter para onde ir. O ócio e a incerteza do amanhã me deixavam aflito. Surgiam muitas entrevistas, porém não me encaixava nas vagas devido a minha qualificação. Isso me deixou muito frustrado. Como se a dor emocional não bastasse, o desemprego traz o desafio de viver com menos. Fomos obrigados a simplificar a vida", relatou Romeu. Segundo a psicóloga do Hospital Santa Clara, Cinthia Mendes Ferreira, dores de cabeça constantes, ansiedade, síndrome do pânico, insônia, impaciência e depressão são sintomas normais quando a pessoa passa por uma situação tensa. "Na perca do emprego, quando a pessoa não aceita a decisão, muitos ficam indo à empresa na tentativa de reverter à situação, mandam currículo novamente e só conseguem se desvincular quando visualizam real motivo e buscam novas alternativas", afirma. Cinthia explicou ainda que se a pessoa não estiver equilibrada, vai enfrentar muito mais dificuldades para se apresentar bem numa entrevista de emprego. "O ideal é se dar um tempo. Isso geralmente acontece", acrescentou a psicóloga. Para o consultor em talentos humanos da Inthegra TH, Nege Calil, sentimentos de culpa, medo e revolta são frequentes quando um profissional é demitido do emprego. "Um dos motivos que possa ter levado à demissão é a não adaptação ao ritmo do trabalho ou à política e cultura da empresa. Antes de se candidatar a uma vaga é preciso verificar se existe identificação do que você esta querendo com que a empresa tem a te oferecer". Por onde começar? O primeiro passo é verificar as informações sobre a vaga de emprego antes de distribuir os currículos. Ficar sempre atualizado, cadastrar o currículo em sites de emprego e empresas de recursos humanos e contatar pessoas que possam ajudá-lo nessa procura também são dicas úteis. "Além da internet, visite as empresas, atualize sempre seu currículo e mande-o para empresas que você acredita que tenham interesse no seu perfil e também para agências de emprego. O mais importante é não desistir e ter paciência", concluiu Nege.
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