Há tempos não escrevo sobre os bastidores do meu convívio político em Ubatuba; não significa que esteja alheio ao que acontece, pelo contrário estou muito presente, seja como expectador ou atuando. Em determinadas situações muitas vezes não vejo coerência no que é relatado, o que é publicado na internet sai de uma forma, em um jornal de outra, e em outro mais uma versão diferente para o mesmo assunto. Ao invés de notícias o que temos são diferentes pontos de vista, ficamos presos as opiniões de pessoas e temos muito pouco de um real trabalho jornalístico, muitas das matérias publicadas sejam elas da “situação” ou da “oposição”, são escritas pelos mesmos, a falta de imparcialidade nos cega, e joga a vida política de Ubatuba nas trevas do poder. Mas quero deixar claro que não acho isso um erro em sua totalidade, pois eu mesmo estou escrevendo a minha opinião como cidadão, membro desta sociedade, fazendo parte de um lado da história, não sou o dono da verdade, e nem quero ser, já que o dia que eu acreditar saber tudo, não estarei aberto a aprender e irei acreditar que não erro e este é o pior tipo de erro que podemos cometer como seres humanos. Mas vou mudar o foco de meu desabafo, pois minha intenção não é falar da imprensa da cidade, seja ela escrita ou qualquer outra, já que este tema absolveria meu artigo por inteiro. O que me levou a escrever desta vez foram os últimos fatos ocorridos em nossa cidade, o afastamento de vereadores, os boatos de novos afastamentos, a nuvem negra que paira sobre o prédio da Câmara Municipal, o ataque psicológico e mental feito não só aos afastados, mas a todos que os cercam. Quando afastaram os vereadores, parou o trabalho de seus assessores, colaboradores, munícipes que a procura de soluções para problemas de seus bairros ou de sua região os procuravam e hoje não sabem mais a quem recorrer. No prédio da Câmara, o que se vê hoje são pessoas em seus corredores, pais e mães de família que não sabem quanto tempo vão levar para serem exonerados ou quanto tempo permanecerão em seus cargos, e neste meio tempo ainda sofrem um ataque psicológico de indivíduos que hoje vão lá somente para se divertir com a desgraça alheia, um ato que terá ainda grandes conseqüências para a cidade como um todo. A Câmara Municipal é hoje um grande vulcão pronto para entrar em erupção, e tudo isso causado em nome da “justiça”. Os vereadores perdem, todos a sua volta perdem, a povo perde, o nome da cidade perde, seus suplentes perdem, o verdadeiro sentido da palavra justiça perde, enfim ninguém ganha, a não ser aqueles que almejam a discórdia, o atraso, o terror, “o quanto pior melhor”. “A justiça tarda, mas não falha”, sempre nos disse os mais velhos, mas que esta justiça não dependa dos homens que hoje seguram a caneta em nossa cidade, homens públicos que acusam outros por delitos contra a sociedade e esquecem seus próprios processos, seus próprios erros, sua própria prevaricação. Numa atitude onde ninguém ganha, atos como estes praticados só nos levam a uma certeza, qualquer um pode ser o próximo, culpado ou inocente, já que um outro ditado muito conhecido que diz “quem não deve, não teme”, dependendo de quem está segurando a caneta e alguns interesses pessoais não valem nos dias de hoje. Nesta guerra entre as cabeças pensantes de nossa cidade ainda acredito na vitória do certo contra o errado, mas com uma grande derrota para Ubatuba como um todo, a cidade já perdeu, todos nós já perdemos, pois somos a cidade, somos a parte mais frágil desta disputa desenfreada por poder e vaidade. Se estamos atrasados perante a maioria das cidades de nossa região, muito é culpa dessa mentalidade distorcida do que é política e de como se deve fazer justiça. Nosso atraso em educação, saúde, segurança, entre outros problemas que passamos, pode-se explicar por atitudes como as tomadas nestas últimas semanas. Ubatuba é uma cidade abençoada pela natureza, com um povo maravilhoso e trabalhador, nossa cidade é muito melhor que tudo isso... Marcio Barbosa Gonçalves marcio_1978@yahoo.com.br
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