Bullying: pesquisas apontam que os jovens têm 95% de chances de sofrer assédio moral dos colegas
As vítimas que sofrem o bullying assim como seus familiares sofrem e chegam a tomar atitudes precipitadas, mas o que acontece quando os pais descobrem que seus filhos são os agressores? O primeiro questionamento é saber em que momento foi que erraram na hora de educar. Depois surgem os impasses: como mostrar que esse tipo de comportamento é intolerável, reverter a situação e ensinar a importância de um pedido de desculpas. Os ataques, gozações, perseguições e brincadeiras de péssimo gosto não são novidade no ambiente escolar. O que mudou nos últimos anos foi que essas agressões acontecem hoje também no mundo virtual. E, o pior, como não é ao vivo e em cores, a intimidação é mais agressiva. De acordo com pesquisas internacionais, 95% das crianças correm riscos de serem vítimas do assédio virtual. “Por ter certeza de que passará incógnito, o jovem extravasa maldade. Acha que pode tudo, pois não será pego. É como se online, a violência fosse permissiva”, destaca a hebiatra Maria Dulcinea Oliveira, do Hospital Infantil Sabará (www.sabara.com.br). Identificar a vítima é mais fácil para os pais, pois, em geral, essas crianças ficam deprimidas, ansiosas, sem vontade de ir à escola, deixam de se alimentar ou comem em excesso, se isolam do mundo, evitam o computador etc. Reconhecer, no entanto, o agressor é mais complicado, ainda mais se a escola não se envolver. “Já conversei com pais arrasados ao descobrirem que seus filhos estavam envolvidos nessas investidas maldosas contra colegas de classe. Muitos têm problemas para lidar com a situação, sentem-se culpados e não sabem o que fazer com os filhos”, conta a médica. Para a especialista, além de manter um canal aberto de diálogo com os filhos e interesse pelo o que acontece na escola e na vida afetiva desses jovens, é importante que os pais acompanhem a vida virtual dos seus filhos. “Além de aproximar gerações, é uma atitude que ajuda a descobrir o que estão fazendo e como se apresentam nas redes sociais. É uma maneira de conhecer melhor a prole, pensar nos conceitos que foram transmitidos na hora da educação e controlar todos os tipos de assédio”, aconselha. Após identificar o cyberbullying, tanto pai de vítima como de agressor, deve procurar a escola, os amigos daquele jovem – já que nem sempre eles contam a história com detalhes, e até auxílio profissional de um médico ou psicólogo, caso achem necessário. Antes, recomenda a hebiatra, o ideal é conversar com os adolescentes. “Em ambas as situações, é preciso mostrar como a situação é absurda e equivocada. Ninguém tem o direito de agredir o outro. Sem contar que o ato pode ser considerado um crime”, afirma. Segundo a médica, as reportagens sobre o assunto, que, na maioria, resultarem em finais trágicos para vítima e responsáveis pelo agressor devem ser mostradas. Proibir o uso de internet não resolve o problema, o melhor é controlar o seu uso, restringindo número de horas à frente do computador e supervisionando o que acontece online. Enfim vítimas e agressores precisam igualmente de atenção nesses casos de violência. “O comportamento agressivo envolve motivações de insegurança e medo. O vilão ataca para ganhar status, moral perante os colegas de escola”, afirma. Veja algumas dicas para os pais dos agressores: - mostrar a responsabilidade dos jovens pelo assédio e o que isso significa na vida do outro; - as reportagens internacionais são didáticas à medida que mostram que a brincadeira de péssimo gosto pode resultar em tragédia; - obter informações sobre a vítima e seus pais para que possam juntos pedir desculpas, saber o que a agressão gerou na vida dessas famílias; - descobrir por que o agressor resolveu partir para o ataque e rever os conceitos que ele tem das pessoas e do mundo; - supervisionar a vida virtual desses jovens para ver como ela age no mundo virtual; - conversar com os responsáveis na escola para ter mais detalhes dos ataques, pessoas envolvidas e atitudes que foram tomadas; - se achar necessário, conversar com um profissional da área médica ou um psicólogo – já que o fato pode gerar percepções inadequadas de personalidade.
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