Folha de papel em branco... Grande tentação! Convite! Intimação! Quase uma obrigação para confidências! É virgem imaculada que excita o poeta e o desafia a possuí-la. Folha de papel em branco como a alma de um bebê. Farei poemas de amor? De tédio, rancor, saudade? Escreverei sobre a miséria, a fome, a dor, a guerra, a fé, a descrença, a morte, sobre toda a infâmia da Terra? A folha de papel está em branco como a alma de um bebê! Rápido! Presto a escrever! O poeta não pode se deter! Seja incisivo e franco! A folha de papel está em branco... Inútil! Para quê macular o papel com garatujas? Para quê extravasar o meu desencanto? Hoje não escreverei! Que permaneça a folha de papel em branco! Nota do Editor: Pedro J. Bondaczuk é jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas). Blog “O Escrevinhador” - pedrobondaczuk.blogspot.com.
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