E assim naquela noite ela ficou, Encolhida no encosto do sofá. Ele, todo reticente não percebia, O calor voraz dos sons inaudíveis que... Seu corpo emitia. Naquele silêncio que ele, quase insano, Só percebia naquele encolhimento, Medo que por ele, achava, a fêmea sentia. Aquela almofada rajada, Já desbotada... Escondia traiçoeira... A fêmea voraz dos sons inaudíveis. Ficaram assim por segundos... Na sala nem badalos havia. Queria a fêmea medrosa... Querente do macho, Afagos por entre as almofadas. O macho perdido no seu destrato, Olhos vazios da solidão de macho, Incestuoso de sua vontade, Virtuoso sem necessidades... Fez-a levantar-se, deixar sons amoitados, Almofadas estragadas... Partiu assim... Sozinha, Como passarinho. Escondendo-se de seus sons e do macho... Nota do Editor: Lourdes Moreira (proflourdesmoreira@uol.com.br) é professora da rede Municipal e Estadual de Ubatuba.
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