Fortaleza chega aos 278 anos com os mesmos problemas crônicos das grandes cidades do Brasil e da América Latina causados pelo crescimento desordenado e pela migração de populações rurais em busca de trabalho e de melhores condições de vida. A cidade como a maioria das metrópoles brasileiras cresceu demais em muito pouco tempo e, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 31% dos moradores vivem em favelas sem a infra-estrutura urbana mínima necessária. É a segunda maior concentração de favelas urbanas no país, perdendo apenas para Recife com 40% da população favelada. São 700 mil pessoas vivendo em extrema pobreza. No entanto, quem anda pela cidade mal percebe esse contingente. É como se a paisagem urbana o engolisse com algum truque arquitetônico. Ao contrário do Rio de Janeiro, onde as favelas ficam em cima dos morros, ou de São Paulo, onde formam um cinturão de miséria na periferia, as favelas de Fortaleza estão como que "diluídas" na cidade. Bem perto de um dos maiores shopping centers da capital, junto de edifícios de alto luxo e ao lado de uma área de preservação ambiental há uma favela. Uma outra quase invisível fica na Varjota, bem perto da Beira Mar onde estão os hotéis cinco estrelas. No total são 157 favelas, segundo os dados do IBGE que se concentram em bairros muito pobres como o Lagamar o mais atingido pelas últimas enchentes. Surgida de um povoado indígena que cresceu à sombra de um forte construído cem anos antes, a Vila de São José de Ribamar acabou conhecida apenas como Fortaleza e chega aos 278 anos com perfil de cidade grande. São 2,380 milhões de habitantes ocupando uma área de 313 km2 e um orçamento municipal de mais de um R$ 1,5 bilhão. História Dois meses antes de Pedro Álvares Cabral aportar na Bahia, em abril de 1500, o navegador espanhol Vicente Pinzon esteve no Ceará, mais precisamente onde hoje está o porto do Mucuripe, em Fortaleza. Pinzon chegou a batizar o lugar com o nome de Santa Maria de la Consolación, a 2 de Fevereiro de 1500. Mas a viagem acabou ficando fora dos registros oficiais por força do Tratado de Tordesilhas que demarcava o lugar como pertencente a Portugal. Em 1612, Martins Soares Moreno construiu o Forte de São Sebastião e a capela de Nossa Senhora do Amparo, sobre as ruínas do antigo forte de São Tiago de Nova Lisboa - que fora construído, mas logo abandonado alguns anos antes. Aqui a história se confunde com a lenda. Martins Soares Moreno é até hoje menos como personagem histórico e mais como o herói imortalizado pelo escritor José de Alencar no romance "Iracema" como o guerreiro branco que se apaixona por uma índia. Em 1637, os holandeses que ocupavam Pernambuco mandaram ao Ceará uma expedição que tomou o forte, em 1640. Recuperado pelos índios quatro anos depois, o forte voltou a cair nas mãos holandesas, em 1650. O comandante Mathias Beck decidiu construir outra fortificação às margens do rio Pajeú, o Forte Shoonemborch às margens do Riacho Pajeú. Com a expulsão dos holandeses em 1654, pelo comandante português Álvaro de Azevedo Barreto, o forte passou a se chamar Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Ao redor dessa fortaleza foi se formando o povoado que cem anos depois ganhou o status de Vila, no dia 13 de abril de 1726.
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