Especialista em comportamento humano explica como namoros mais flexíveis podem ser benéficos para casais e conta como equilibrar a vida a dois, as relações sociais e o trabalho sem precisar de submissão e imposição
Com o dia dos namorados se aproximando, os comprometidos tendem a idealizar o futuro da relação e os solteiros, por outro lado, tentam se adaptar às evoluções das relações mais modernas. Com as mudanças de comportamentos da mulher e do novo papel que representa na sociedade, ela quer um companheiro capaz de respeitar suas conquistas. "A mulher está mais exigente e quer respeito e reconhecimento do seu companheiro", diz Roselake Leiros, couch de relacionamento e diretora da CrerSer Mais - Desenvolvimento Humano (www.crersermais.com.br). Mas vivemos na sombra do medo, com a impressão de estar errando em alguma coisa, já que a forma de homens e mulheres se relacionarem hoje é excessivamente livre e superficial e não faz uma completa felicidade. É o que aponta Roselake. Para ela, dizer que é bom "ficar" cada dia com um novo parceiro, com relacionamentos totalmente sem compromisso, sem sentimentos, sem envolvimento, é conversa fiada. "Estamos com MEDO, homens e mulheres", garante. Hoje, vivemos um tempo em que estamos nos ajustando as novas condições, mas é preciso verdade para nos avaliarmos e fazermos os ajustes necessários para a felicidade geral dos casais. "As relações precisam de sinceridade e espaço para ambos expressarem o que são. Amor não aprisiona", afirma Roselake, que explica que, homens machistas e mulheres submissas ainda existem, mas em proporção cada vez menor. "A mulher que aceitava os inúmeros desrespeitos do parceiro e guardava para si os seus desejos e mágoas mudou de perfil. Essa mudança assustou os homens acostumados ao controle total", completa. A couch afirma ainda, que liberdade é um desafio saudável na relação a dois. Querer o seu lugar e o seu espaço é restabelecer uma ordem que se descumpriu há muito tempo e, hoje, tenta se recuperar. "Nada há de egoísmo em amar a si próprio. Amar a si e respeitar os seus valores é sim, o caminho para o reconhecimento do valor do outro", garante Roselake. Ela afirma que esse é o caminho para dar a cada um o seu lugar único e especial na relação. Chega de brigas e competições, não existe o mais importante, melhor ou maior. Na opinião de Roselake, há apenas duas pessoas com modelos e visões de mundo diferentes, mas que podem se encaixar perfeitamente - em gênero, número e grau - quando juntas buscam esta opção. "É importante criar uma atmosfera mais acolhedora, respeitosa e verdadeira, onde a possibilidade de ameaça é zero, quando cada um é a melhor expressão do seu próprio eu", sugere. Quando não há respeito por essa expressão, ela explica que a ordem que rege o sistema relacional é ameaçada e o equilíbrio, a harmonia acabam com prejuízos para ambas as partes. Muitos relacionamentos terminam não por ausência de amor, porém pela falta de respeito que invalida a ordem. "Em Constelações Sistêmicas - a mais efetiva terapia sistêmica da atualidade -, dizemos que a ordem está hierarquicamente acima do amor", aponta Roselake. "Se verdadeiramente tenho amor por você e por mim, no entanto falta-me o respeito por você ou por mim, estou inviabilizando a harmonia do sistema", exemplifica ela. Com o tempo, a desarmonia criará ressentimento, rebelião interna. "O sistema comprometido pela insatisfação faz vivenciarmos o oposto do amor que é o ódio", conclui. Com os novos desafios dos relacionamentos, homens e mulheres mergulham em relacionamentos curtos e sentem-se culpados pelo insucesso amoroso. Daí para cair em outro namoro insuficiente pode ser um pulo. A couch de relacionamentos alerta que, é preciso expor as vontades de ambos os lados para não haver mágoas e ressentimentos depois. Divididos entre a herança cultural e os tempos modernos, os relacionamentos precisam equilibrar defeitos e qualidades, além de compreenderem que o grande "barato" do namoro é a troca. "Qual é a proposta de ter uma vida a dois, se não a vontade de conhecer tudo o que o outro tem a nos oferecer e vice-versa? Se o desejo é ter um relacionamento moderno, com todas as qualidades necessárias, é preciso respeito e ai o crescimento é muito maior. Tudo é bom e importante, por isso não é necessário concorrer. Existem diferenças importantes e que precisam ser percebidas, compreendidas, respeitadas, discutidas e aproveitadas para o crescimento de ambos. A beleza está no contraste", conclui Roselake.
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