Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Taubaté (UNITAU) revela que os jovens se culpam pela violência no ambiente escolar. O estudo, realizado em quatro escolas da rede pública de Taubaté, aponta que os jovens acreditam que a quebra da harmonia familiar, a violência doméstica, a negligência familiar, o desemprego e a desigualdade social são responsáveis pelo seu comportamento violento. O estudo foi realizado pela aluna Aline Gomes Cazarim, do 5º ano do curso de Psicologia, e investigou a representação da violência social entre professores, gestores e alunos de escolas de Ensino Fundamental e Médio. Os resultados revelam que cada grupo entrevistado aponta a violência escolar como um fator advindo de diferentes fenômenos sociais. Enquanto os estudantes se definem como protagonistas da violência escolar, professores e gestores acreditam que a violência na escola é um reflexo da violência global e culpam o governo e a falta de parcerias dos pais com a escola pelo problema. “Os agentes reconheceram a violência como fenômeno produzido pelas rachaduras e perversidade do sistema econômico e das condições sociais. Muitas destas representações resvalam em preconceitos que indicam a chamada criminalização da pobreza, que estigmatiza o pobre como violento”, ressalta Aline. Porém, o que preocupa a pesquisadora é o fato dos jovens se culparem pela violência, reforçando para a sociedade, o mito divulgado na mídia de que os estudantes são delinquentes, inadaptados e responsáveis pela criminalidade. “O jovem incorpora este discurso o que isso faz com que a sociedade não reflita sobre outros fatores ligados à produção da violência como o desemprego, a corrupção no meio político e tantos outros.” O estudo destaca a necessidade da criação de políticas educacionais que promovam a recuperação do diálogo, da esperança e da saudável convivência entre os agentes escolares, bem como a restituição da escola como um dos principais pilares da sociedade, priorizando esse espaço. “Prevenir a violência é promover o diálogo e criar um espaço de criatividade. Para isso, cada escola precisa entender sua realidade, buscar ajuda, reivindicar direitos, exercer deveres e construir um contexto de humanidade. Espero, com essa pesquisa, contribuir para que professores, agentes escolares e alunos possam refletir sobre seus papéis e tomar uma posição diante da problemática da violência”, conclui.
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