A jornada de trabalho de oito horas diárias faz com que muitas vezes as relações dentro de ambientes corporativos se intensifiquem. Olhares com segundas intenções, um convite para jantar após o trabalho e telefonemas fora de expediente são algumas atitudes que podem culminar em namoro. Uma pesquisa feita pela instituição norte-americana Shere Hite, divulgado em 2007, mostrou que 42% dos trabalhadores entrevistados nos EUA já tiveram algum relacionamento no trabalho. Desses, a metade se casou e 35% afirmaram esconder o namoro iniciado na firma. No Brasil, não existem dados oficiais a respeito.

Assim como existem empresas que permitem relacionamentos e até incentivam, há também as que possuem uma política bastante rigorosa com esse tipo de conduta. Algumas chegam a demitir os funcionários envolvidos. Segundo a pedagoga e diretora da agência de relacionamentos Par Ideal (www.agenciaparideal.com.br), Sheila Rigler, todos têm o direito de construir relações afetivas. "Hoje em dia há uma convivência muito maior com colegas do trabalho do que com amigos e familiares. Com isso, a chance de aproximação aumenta", explica.

Claro que é importante ter um comportamento adequado, até mesmo para evitar comentários maldosos. Os casais, diz a pedagoga, devem ser discretos e não ficar com intimidades perto dos outros colegas. "A postura dos parceiros em separar a vida profissional da pessoal é extremamente necessária para não por o emprego em risco", comenta.

Para evitar que os relacionamentos causem problemas, muitas empresas adotam algumas normas. Uma delas é a permissão do namoro entre pessoas de departamentos distintos. Caso haja interesse por alguém do mesmo setor, eles escolhem um dos envolvidos para trabalhar em outra seção. No entanto, existem lugares que nem sempre cumprem as regras sugeridas. Foi o caso da antiga empresa em que os estudantes Oziel Barbosa e Marjorie Gomes se conheceram. O fato de terem que se ver diariamente acabou os aproximando. "Ele era meu coordenador na época e estávamos nos conhecendo apenas. Saíamos depois do trabalho com um grupo de colegas. Isso chegou ao conhecimento da gerente que, sem nos dar uma chance de explicação ou remanejamento de cargo, nos demitiu", explica a estudante.

Se realmente houver interesse por alguém do trabalho e perceber que a pessoa corresponde, a primeira atitude é fazer uma escolha e definir claramente quais são suas intenções. "O fato de gostar de alguém da empresa não significa estabelecer algo sério, por isso é preciso prestar atenção se o envolvimento não será passageiro". Para quem tem dúvidas de que um relacionamento dentro do ambiente de trabalho pode vingar, Sheila Rigler responde: "Os romances nascidos no trabalho têm as mesmas chances de dar certo do que quaisquer outros, assim como possui as mesmas chances de dar errado". Segundo a especialista, as consequências podem ser um pouco piores se a relação iniciada dentro da empresa não vingar. "Quando o relacionamento acaba, vêm os ressentimentos, as mágoas e as frustrações. Isso pode comprometer o rendimento no trabalho. Existem casos em que um opta em sair da empresa justamente por não conseguir lidar com a presença do ex no mesmo ambiente", afirma Sheila.

Algumas dicas para ter um bom relacionamento dentro da empresa:

- Mantenha-se informado sobre a existência de uma política sobre envolvimentos amorosos.

- Para que não haja comentários maldosos, nunca perca o foco do trabalho. Sempre que possível, mostre produtividade.

- Não troque beijos e abraços com a pessoa. Seja discreto quando for falar algo com o parceiro.

- Use sempre o e-mail pessoal se tem interesse em mandar algo.

- Em festas de final do ano, o casal deve interagir com os outros funcionários.

- Tenha o máximo de discrição no ambiente profissional.