Passar no vestibular é sem dúvida o sonho da maioria dos estudantes do ensino médio deste país, afinal anos de estudo se passaram e se aproxima a tão sonhada carreira profissional muitas vezes idealizada ainda na infância, mas este sonho vem acompanhado do pesadelo de ser recebido de forma constrangedora e violenta pelos alunos veteranos das instituições de ensino superior. Nada pior, do que começar o curso superior com um trote bestial e estúpido, imposto ao jovem calouro por uma semana, virando um objeto nas mãos de insanos veteranos sob os olhos complacentes de certas universidades que assistem passivamente a sessões de tortura sem aplicação de qualquer penalidade aos transgressores. São atos de selvageria praticados por jovens sem limites, que pensam que tudo podem sob a chancela das faculdades e das autoridades que não fazem nada para coibir a violência dos trotes mesmo tendo menores como vítimas. É decepcionante ver estes jovens adolescentes embriagados, descalços e sujos pedindo dinheiro nas sinaleiras, impulsionados pelo medo de serem excluídos do grupo e em nome de uma falsa integração. Na época que cheguei à faculdade, não sofri qualquer tipo de constrangimento, ninguém me obrigou a me embriagar ou fui agredido, sonhava num país livre e que voltassem a respeitar a dignidade da pessoa humana fundamentada hoje no artigo 1º, inciso III da Constituição Federal, daí minha indignação com que vem acontecendo neste início de ano letivo em algumas universidades. O trote é um momento importante, pois marca o início da vida universitária e os calouros em sua grande maioria querem passar por isso, felizmente o bom senso predominou em algumas faculdades dentre elas a Faculdade de Comunicação e a Medicina da PUC/RS, participou quem quis da festa das tintas e por outro lado foi incentivado à doação de sangue e a arrecadação de roupas e alimentos para instituições assistenciais. Mas para aqueles que ainda não se deram conta das graves conseqüências que a barbárie disfarçada de brincadeira pode trazer com certeza encontrarão no campo da justiça criminal a penalização pelos atos cometidos. Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
|