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Arquitetura e Engenharia
01/03/2010 - 11h06
Arquiteto: antes ou depois do negócio imobiliário?
Silvio Steyer
 

Um dos ramos de muita atividade na vida dos arquitetos é o da reforma de ambientes, sejam novos ou usados, sejam domiciliares ou para fins corporativos.

Entretanto, pouca gente se lembra de consultar um arquiteto antes de realizar seu negócio imobiliário, mesmo reconhecendo, que o imóvel comprado ou alugado, deverá passar por uma reforma para adaptação ao "sonho", no caso residencial ou ao "briefing" no caso corporativo.

Certamente, melhor seria consultar um arquiteto durante a fase de escolha e negociação do imóvel, para poder negociar com um maior nível de certeza de estar propondo e/ou fazendo um bom negócio.

Mas, como o arquiteto poderá ajudar?

Ao invés de responder de pronto a essa pergunta, primeiramente gostaria de lembrar ao leitor que comprar e/ou alugar imóvel não faz parte da experiência de vida de mais de 95% das pessoas que se vêem frente a essa situação poucas vezes em suas vidas (tratando-se de imóvel residencial) e/ou carreiras (tratando-se de imóvel corporativo).

Ainda sem responder a pergunta acima, gostaria de ilustrar com alguns exemplos típicos e que acontecem seguidamente:

1. Profissional liberal (médico, dentista, advogado, não importa) dá seu primeiro grande passo na carreira e compra 4 conjuntos de 45 m² cada, pensando em ter um escritório de 180 m² porém, já sabendo que terá de fazer uma reforminha...

Acontece que sua compra deixou-o com 4 portas de acesso e 8 banheiros e organizar isto passa a ser problema do arquiteto, que terá muita dor de cabeça explicando ao seu cliente que terá de demolir quase todos os banheiros e, pior, refazê-los em outra posição, para poder ganhar o máximo possível de área operacional... infelizmente, isto custa caro!!

2. Empresa de médio porte que fez um ótimo negócio comprando vários conjuntos, em diferentes andares de prédio antigo porém, já sabendo que terá de fazer uma reforminha...

Além do problema da multiplicidade de banheiros já citada no exemplo anterior, prédio antigos normalmente não dispõem de boa infra-estrutura para atender às necessidades de um escritório informatizado, mesmo de empresa de porte médio - não há "shaft" ligando os andares, as instalações elétricas com suas caixas de disjuntores precisam ser trocadas, há dificuldades em instalar aparelhos de ar condicionado, o pé direito é muito baixo, os elevadores são pequenos, antigos e lentos etc.. Toda esta adaptação pode custar muito caro para a empresa.

3. Empresa compra galpão industrial nos arredores da cidade onde pretende instalar suas áreas de serviço, tipo contabilidade, pequeno call-center (SAC) suprimentos, área de treinamento, RH etc., porém já sabendo que terá de fazer uma reforminha...

Neste caso, a "reforminha" pode até não ser viável, pois vai depender de uma licença de modificação de uso por parte da prefeitura, em primeiro lugar.

Caso esta licença seja outorgada, a adaptação de um prédio industrial para atender às necessidades do "briefing" imaginado pela empresa passa por um "retrofit" completo em sua infra-estrutura, instalação de sanitários, novos cabeamentos, iluminação e por aí vai, sem falar em estacionamento, segurança, alimentação de energia elétrica, água potável etc..

A grande maioria dos problemas acima apontados (e muitos outros, também) poderiam ter sido evitados se os negócios tivessem sido, desde o início, assessorados por um arquiteto que tem condições de fazer uma avaliação prévia do imóvel, considerando infra-estrutura existente e necessidades futuras, "fit test" do lay-out imaginado, consulta prévia à prefeitura etc..

Este é um serviço cujo custo x benefício é muito grande, tanto em valores monetários como em redução de dores de cabeça e stress.


Nota do Editor: Silvio Steyer é administrador, já foi executivo de diferentes empresas como BASF, Cofap, Tigre, Calfat, entre outras e há 10 anos administra a St Arquitetura e Consultoria (www.st.arq.br). Empresa especializada em arquitetura corporativa.

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