Marcello Casal Jr / ABr | |
Porto Príncipe - Atingida por um terremoto no último dia 12 e por novo tremor de terra ontem (20), a capital haitiana virou um grande campo de refugiados. Até em frente à Maison Blanche (Casa Branca), símbolo nacional do Haiti, existem desabrigados que dormem e cozinham em barracas instaladas diante das ruínas da sede do governo, enquanto aguardam pela ajuda humanitária que tarda em chegar. O Palácio Nacional do Haiti é apenas um entre os cerca de 300 acampamentos de refugiados que abrigam em torno de 370 mil pessoas na capital, segundo cálculos divulgados ontem (20) pela Organização Internacional para as Migrações (OIM). As populações dos bairros pobres mais afetados pelo terremoto da semana passada, como Bel Air, no centro da cidade, tiveram que abandonar as suas casas e buscam abrigo em barracas improvisadas em cada praça ou área livre da cidade. Os acampamentos são refúgios precários, construídos pelos próprios desabrigados. Não têm acesso ao abastecimento de água, muito menos de luz. Muitos haitianos que passaram a viver nas ruas quebraram as tubulações para conseguir água, como aconteceu na avenida central de Cité Soleil, uma das favelas mais pobres da cidade, o que dificulta ainda mais a distribuição, que já era precária antes do terremoto. Para minorar o problema, um grande acampamento de refugiados está sendo construídos pelo corpo de engenheiros do Brasil nos arredores da capital. As obras estão na fase de terraplenagem. Ontem (20) duas retroescavadeiras das Nações Unidas trabalhavam o terreno. As obras para receber os primeiros refugiados devem estar concluídas na próxima semana, segundo estimativas do Exército brasileiro. O empreendimento terá dinheiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), também segundo informações do Exército. Enquanto isso, o movimento migratório na capital se intensifica. Os destinos são o interior do país, a vizinha República Dominicana e os Estados Unidos. Quem pode pega a estrada para as pequenas cidades do interior ou para a zona rural, onde vive 60% da população haitiana, na busca de abrigo na casa de parentes ou para o país dominicano. Os carros vão abarrotados de gente. Também tem aqueles que tentam migrar para os Estados Unidos, onde vivem 3 milhões de haitianos. As filas em frente à embaixada americana, tradicionalmente quilométricas, crescem a cada dia e provocam mais um nó no caótico trânsito da cidade.
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