Entra ano, sai ano e, de vez em quando, os jornalistas publicam matérias sobre um projeto de alguma autoridade no poder, mas logo o assunto é relegado ao esquecimento. Essa lengalenga vem de longa data e nada de concreto se realiza. Já falaram de túnel, ponte pênsil, ponte de tabuleiro, ponte tradicional e tudo aquilo que iria facilitar consideravelmente a vida do santista, do pessoal do Guarujá e, principalmente, agora no verão para milhares de turistas que acabam perdendo horas e horas na famigerada fila da balsa Santos-Guarujá. No meio deste ano, um navio chinês desgovernado acabou destruindo o píer de atracação das balsas, quase causando uma tragédia de grandes proporções com imensos prejuízos à operadora do sistema, além de aumentar em muito o tempo da travessia. Logo após o acidente, o assunto voltou à baila e o novo projeto da ponte ganhou, mais uma vez, páginas e mais páginas nos principais veículos de comunicação - fato este que de concreto só serviu de marketing para os políticos que adoram aparecer. O verão de 2010 está aí, milhares de turistas estão se preparando para ir ao litoral... E cadê a ponte? Na época do acidente até discuti com um santista cético acreditando que desta vez a obra iria sair. Ainda bem que não apostei nada, mais uma vez já esqueceram do projeto, mais uma vez a ponte não vai sair e os únicos prejudicados, como sempre, serão aqueles que precisam cruzar o canal, seja a trabalho ou a lazer. Será que não existe algum interesse maior no boicote a essa obra? Quem está ganhando com isto? Não me venham justificar com sua complexidade, nem com o seu custo inviável. A ponte Rio-Niterói está aí para contradizer quem alega impossibilidade do projeto, bem como a Golden Gate, em São Francisco, nos Estados Unidos, que foi construída na década de 20, com uma complexidade enorme e um vão livre muito maior do que será necessário para cruzar o estuário santista. O que falta é comprometimento e vontade dos responsáveis para resolver esse problema que vem se arrastando há décadas. Eu mesmo sofro com a tal travessia desde os anos cinquenta, mas otimista que sou, espero ainda um dia poder atravessar essa ponte - claro, se os políticos que decidem assim quiserem. Nota do Editor: Nicolau Amaral é empresário da área de Comunicação. E-mail: nicolau.amaral@nacom.com.br.
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